Cuide bem de sua memória. (Por Frederico Freitas)

REFLEXÃO:

Nós temos a capacidade de guardar na nossa memória apenas pequenas frações de tudo que vivenciamos ao longo da nossa vida. As funcionalidades do cérebro humano talvez sejam a fonte dos maiores mistérios não descobertos e não revelados pelas Ciências. Fato é que nossa memória compõe-se basicamente dos eventos que de alguma forma tocaram nosso coração, como recordações de nossas infâncias, as feições maternas, nossos irmãos, nossos filhos, nossos amigos de escola. Enfim, nossas recordações são quase sempre memórias afetivas. Claro que nos lembramos de coisas ruins também, como atentados, desilusões e outros. Mas em grande maioria nossas recordações são memórias afetivas que nos remetem a momentos felizes.
A evolução tecnológica nos trouxe equipamentos e produtos de software capazes de nos permitir guardar toda sorte de conteúdo e acessá-los de maneira tão instantânea como nosso cérebro até hoje não é capaz de fazer. Temos ao alcance dos dedos e dos olhos as histórias e eventos de toda nossa vida moderna, bem como de incontáveis pessoas que nos rodeiam.
Porém, essas modernidade tecnológica nos permitiu carregar nas nossas mochilas mais do que precisávamos, enquanto nossa memória embora pequena e falha, carregava somente o que nos era indispensável.
Guardamos na nossa memória nossas melhores recordações afetivas e ao transportá-las para os inventos tecnológicos colocamos outras porções de coisas que não fazia parte das nossas vidas.
Carregamos nossas fotos de família, mas também carregamos fotos de pessoas mortas recebidas das diversas redes sociais. Carregamos nossos amigos mas também carregamos a intolerância dos telejornais nas plataformas móveis. Carregamos nossos filhos e também carregamos as imagens de tantas crianças que as guerras tomaram de seus pais. Carregamos tudo o que dava sentido e valor às nossas vidas pré tecnológicas e carregamos também todos os contrapontos da sociedade em que vivemos.
Se os olhos são o espelho da alma e o cérebro guarda as memórias que tocaram nosso coração, talvez seja a hora de parar e refletir sobre o que vemos e o que realmente nos emociona. Nada tem mais valor que a vida. Faça um inventário de si mesmo. Perceba que não é o espaço de armazenamento do seu dispositivo que é pequeno, e sim, que você está querendo guardar muito mais do que realmente precisa para ser feliz.
Se você não mudar agora, talvez depois, em algum momento, você verá que todos os seus discos de armazenamento de dados estão cheios e que no seu cérebro não existem mais memórias afetivas. Abra o que for de boa procedência, salve o que for útil e agradável, compartilhe o que lhe traz felicidade. Seja luz e vela, brilhe e consuma-se, receba e oferte. Mas só o que seu coração escolher!

Por Frederico Freitas.

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