Ciro pula no ninho tucano para se acomodar com os seus

A cena política brasileira ganhou contornos de novela neste fim de semana com a confirmação da filiação de Ciro Gomes ao PSDB. O ex-ministro e ex-presidenciável, que por quase duas décadas esteve no PDT, retorna ao partido pelo qual governou o Ceará nos anos 1990. A movimentação foi articulada pelo ex-senador Tasso Jereissati, um dos caciques tucanos mais influentes, e já projeta Ciro como possível candidato ao governo do Ceará em 2026, segundo informações publicadas por O Globo e confirmadas pelo Correio Braziliense.

O gesto surpreendeu até aliados próximos, já que Ciro construiu sua trajetória recente em oposição ao PSDB, especialmente durante os governos de Fernando Henrique Cardoso. Agora, ao aceitar o convite tucano, o político cearense sinaliza uma guinada pragmática, buscando espaço em um cenário em que sua influência nacional se reduziu após sucessivas derrotas eleitorais. A filiação será oficializada em Fortaleza, em evento que deve reunir lideranças estaduais e nacionais do partido.

Para o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a movimentação de Ciro é vista como um reposicionamento que pode até facilitar a vida do PT no plano nacional. Ao se concentrar em uma disputa regional, Ciro deixa de ser um ator de peso no debate presidencial, abrindo espaço para que Lula e o Partido dos Trabalhadores consolidem sua narrativa sem a sombra das críticas ácidas que o ex-pedetista costumava disparar contra a esquerda.

O PSDB, por sua vez, tenta se reinventar após anos de desgaste e perda de protagonismo. A aposta em Ciro é arriscada: pode revitalizar a legenda no Nordeste, mas também expõe contradições históricas. Afinal, o político que tantas vezes acusou os tucanos de elitismo agora retorna ao ninho, em busca de sobrevida eleitoral. A ironia não passou despercebida por analistas, que apontam a mudança como sinal de fragilidade e não de força.

Enquanto isso, Lula segue fortalecendo sua base com programas sociais como o Pé-de-meia e iniciativas de inclusão que dialogam diretamente com a juventude e as camadas populares. O contraste é evidente: de um lado, um governo que aposta em políticas públicas para reduzir desigualdades; de outro, um ex-presidenciável que troca de legenda em busca de espaço. A guinada de Ciro, embora barulhenta, reforça a centralidade do PT no debate político nacional.

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