Infelizmente a Bahia produziu Augusto Aras

A Bahia já foi cantada como sendo aquela que deu “régua e compasso” ao poeta, mas definitivamente a Bahia hoje descobriu quer no Estado também nasceu alguém que desonra o estado de espirito de um povo que não nasce, estreia quando vem ao mundo.

É da Bahia Jorge Amado e sua Gabriela, Daniela Mercury e o seu Canto da Cidade, Dorival Caymmi com sua baiana a Marina Morena deitado em uma rede na praia de Itapuã, João Gilberto dedilhando a sua Bossa Nova que ocupou os palcos dos grandes teatros no mundo. Mas a Bahia tem Augusto Aras o engavetador geral da república.

Lembremos então de Caetano Veloso cantando a sua Alegria, Alegria fazendo uma Oração ao Tempo e de Gregório de Matos, o Boca de Brasa, advogado e poeta satírico que encantou a língua portuguesa, o negro, poeta e um dos mais celebrados entre todos, Castro Alves, abolicionista que escreveu Os Escravos e desenhou em poesias A Cachoeira de Paulo Afonso. Mas a Bahia tem Augusto Aras que está sentado nas denúncias feitas pela Comissão Parlamentar de Inquérito e envergonha a Bahia.

Cantemos as músicas dos Novos Baianos pois são eternas e não descartáveis. Louvemos a Preta Pretinha e pelo buraquinho vamos de Acabou Chorare cantadas pelas belas vozes de quem eternizou o samba da Bahia. Gilberto Gil pegando o seu Expresso 2222 só para subir no Palco e cantar que Toda Menina Baiana tem um jeito de ser. Raulzito, Raul Seixas o Maluco Beleza que preferia ser Uma Metamorfose Ambulante e dizia para todos, Tente Outra Vez e nunca desistam dos seus sonhos. Mas veio da Bahia o Augusto Aras, procurador-geral da República e que não dá andamento as denuncias contra o Seu Chefe por crimes cometidos.

Diria Glauber Rocha se vivo ainda fosse que com Deus e o Diabo na Terra do Sol teriam Cabeças Cortadas lá pelas bandas de Monte Santo. E Ruy Barbosa, baiano que Ministro da Fazenda, mandou destruir os registros documentais de propriedade de escravos, evitando assim que os antigos proprietários fossem ressarcidos. Anísio Teixeira que fez da Educação seu porto seguro e assegurou as futuras gerações uma Escola Nova. Tom Zé e suas lindas canções com Complexo de Édipo e lembrando do atual Tribunal do Feicebuque onde todos são especialistas em tudo e condenam qualquer novidade. E nas redes sociais nos lembram que foi a Bahia que pariu Augusto Aras o limitado jurista alçado ao cargo, não por suas qualidades, mas por sua amizade com o miliciano de plantão.

Vem de lá a comprovação de que Milton Santos, professor e um dos mais ilustres Geógrafos nascido na Bahia e que o país já teve. Gal Costa com sua voz de veludo interpretando e dizendo ao mundo, “Eu vim da Bahia” e que “Meu Nome é Gal” para que ninguém esquecesse quem estava dominando as plateias em que se apresentava. Algumas vezes até acompanhada por Maria Bethânia, a Abelha Rainha cantando As canções que Você Fez Para Mim. E eu me lembro de Luiz Gama, advogado negro do Século XVIII que enfrentou o sistema jurídico de São Paulo só para libertar seus semelhantes. Você lembra de Dias Gomes? Eu lembro de suas obras como A Comédia dos Moralistas que logo em seguida anunciava que Amanhã Será Outro Dia com um Roque Santeiro denunciando as mazelas da ditadura em censurar obras de artistas brasileiros. Mas é verdade, parido na Bahia, Augusto Aras é o Cabra que envergonha a terrinha por suas posições não tomadas.

Da linda Bahia que resiste ao atraso lembro de Juliano Moreira, Ana Nery, Irmã Dulce, Visconde de Cairú, Miguel Calmon, Emiliano José, Wladir Pires, Cosme de Farias, Riachão, Dodô e Osmar, Luiz Caldas, Margareth Menezes, Ivete Sangalo, Filhos de Gandhi descendo a ladeira do Curuzu e o Olodum tocando seus tambores pelas ruas do Pelourinho, Lázaro Ramos, Wagner Moura, Emanuelle Araújo, Simone, Pitty, Pepeu Gomes, Marcelo Nova, Waldick Soriano, Tony Kanaan, Daniel Alves, Dinho (Mamonas Assassinas), Popó, Bebeto, Bobó, Vampeta, Isaquias Queiroz, Othon Bastos, Antonio Pitanga, Martha Rocha, João Ubaldo Ribeiro, Capinam, Waly Salomão, Zulu Araújo, Jaques Wagner, Rui Costa, Chiclete com Banana, Órbita Móbile, Baiana System, Carlinhos Brown, Catarina Paraguaçu. A lista ainda caberia milhares de nomes que fizeram da Bahia o que ela é hoje, um estado de espirito que alegre a todos que nela colocam os seus pés.

Mas é bem verdade que, como já falado, foi a Bahia que produziu Augusto Aras, que envergonha com seu silêncio obsequioso ao seu patrão, a vergonha da nação.

Dimas Roque.

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