Estamos criando um mundo de analfabetos funcionais.


Tabuada, palmatória, joelhos no chão de castigo por não saber “a lição”, kichute, conga, calça azul marinho. Tudo isso faz parte da infância de muitos de nós e não tenho notícias de que alguém tenha ficado traumatizado, buscado um psicanalista ou algo do gênero para tratamento por depressão. Conheço muitos e muitos formados e trabalhando que constituíram suas famílias e agora correm contra o tempo para que seus filhos e netos consigam aprender algo nas escolas públicas atuais.

Há notícias de que em algumas localidades um professor, um diretor, alguém teve uma ideia e colocou em pratica dando bons resultados aqueles que estão estudando. Este é o caso do professor de matemática Luiz Felipe Lins na Escola pública Francis Hime, localizada na Estrada do Pau da Fome, em Taquara, um bairro de classe média baixa da Zona Oeste do Rio de Janeiro. Ele ensina ensinar cada criança da forma como ela é capaz de aprender. E isto vem dando grandes resultados. Alguns já ganharam medalhas em Olimpíadas de Matemática.

No Ceará através de aprendizagem cooperativa. O professor Manoel Andrade Neto, depois de formado, retornou a sua cidade Pentecoste e lá aplicou o método que aprenderá com amigos. Ele montou um grupo de estudos onde cada aluno ensino ao outro a matéria que melhor se destaca e isto deu resultado, para ele e para os que hoje dá aula.

Na internet tem a turma do “Sem Treta”. Uma bela ideia que ajuda os alunos que vão fazer o ENEN e tem dificuldades em redação. Os idealizadores são; Vinicius Werneck, professor e pesquisador da UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Waldyr Imbroisi e João Carlos Guedes, também, professores. Eles postam vídeo com informações que estão ajudando muitos.

Mas infelizmente estas histórias de bons resultados são exceções em meio a milhões de crianças que estão nas escolas não sendo aproveitadas. E por mais que se diga que falta estrutura para um melhor ensino, os exemplos acima não são de escolas de primeiro mundo. Os professores quiseram mudar a vidas dos seus alunos e conseguiram.

O que mais me irrita atualmente é a frase “os professores precisam ser valorizados”. Leia-se: melhor salario! E por mais que entendamos que é verdade, que os profissionais da educação merecem, assim como todas as outras categorias, segundo o DIAP – Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar, melhores salários, não é admissível o que encontramos em boa parte das escolas públicas, municipais e estaduais. Basta uma visita e uma conversa informal com alunos para se perceber que a maioria não consegue falar uma frase sem cometer qualquer erro no idioma pátrio. E se a conversa se estender a história brasileira, é como conversar com pessoas distantes do que aconteceu por aqui. Matemática, o melhor é ter paciência para ouvir respostas como, “essa matéria não vai ser de nada na minha vida”.


Então, onde erramos com nossos alunos e como o nosso atual ensino público? Como diriam os mais jovens, “o erro está entre o quadro e os alunos”.

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