Curioso com a proposta, Jeff se interessou pela ideia de ter um espaço dedicado às artes visuais próximo de sua casa, sendo convidado a tornar-se integrante da equipe durante a realização das primeiras ações da Pinacoteca. Foi contratado como videomaker, mas acabou se envolvendo em várias das etapas do projeto; das oficinas de pintura até ser um dos modelos registrados por Anderson AC, tendo sua imagem inspirando uma das obras que compuseram a primeira mostra do lugar - “E o Sol é para Todos?” – que encerrou o festival e colocou o Beiru no circuito das artes visuais da cidade de Salvador visite a exposição virtualmente em Pinacoteca do Beiru.
Cerca de pouco mais de um ano em atividade, seguindo um dos maiores propósitos da Pinacoteca que é trabalhar por projetos que fortaleçam a importância da eloquência por parte da periferia, lançamos a “A Beleza da Imperfeição” como fruto de novas parcerias envolvendo novas ideias, novas reflexões com grandes artistas e pensadores da região, em especial um artista cadeirante, que se reconhece neste espaço enquanto Artista na realização de sua primeira exposição fotográfica, a qual tem como propósito não só mostrar o potencial do seu trabalho, mas trazer à tona o problema da mobilidade urbana e os estereótipos capacitistas a que são submetidas as pessoas com deficiência.
Da experiência enquanto modelo ao ser fotografado por Anderson, aliado a uma série de questões que sempre acompanharam Jeff quando se fala em representatividade das PCD’s, nasce a ideia de fotografar outras pessoas que, assim como ele, possuem algum tipo de deficiência física. Seu maior objetivo foi realizar um trabalho capaz de colocar as belezas dos modelos em uma espécie de primeiro plano, deixando só para o segundo suas “imperfeições”, suas deficiências. Segundo Jeff, sua intenção era fazer com que seus modelos esquecessem de suas deficiências enquanto eram fotografados, “não com a intenção de torná-las invisíveis, nossas “imperfeições” sempre estarão visíveis”. Mas meu foco é mostrar a beleza, a deficiência vem depois”.
Ainda nas palavras de Jeff, o ponto de partida para a criação deste trabalho se insere no fato de que “as pessoas com deficiência sempre são retratadas seja na mídia, ou em campanhas publicitárias ou de instituições em nome da mensagem que se quer passar, o marketing em torno do “somos todos iguais”, “apoiamos a diversidade”. Nunca por suas belezas. É como se usufruíssem de nossa “imperfeição” em nome do que é importante para eles. Eu quis quebrar isso. Eu como PCD quero mostrar que podemos ser retratados a partir de nossas belezas e não a partir dos nossos problemas”.
Exímio desenhista, artista documental, Jefferson tem 24 anos, e é morador do Arenoso, região do bairro de Tancredo Neves, Cabula, em Salvador. É formado em Rádio, Fotografia e Audiovisual pela CIPÓ Comunicação Interativa.
A mostra “A Beleza da Imperfeição” pode ser vista tanto
presencialmente na Pinacoteca do Beiru quanto virtualmente através do tour
virtual disponível em pinacotecadobeiru.art. O projeto conta com Curadoria de
Anderson AC, Captação e Produção Executiva de Juliana Freire e apoio da
Biblioteca Zeferina. Tem apoio financeiro do Estado da Bahia através da
Secretaria de Cultura (Prêmio Cultura na Palma da Mão/PABB) via Lei Aldir
Blanc, redirecionada pela Secretaria Especial da Cultura do Ministério do
Turismo, Governo Federal.
Exposição A Beleza da Imperfeição
Quando: Presencialmente, de março a junho de 2022 (por agendamento) / Sem data limite para visita virtual através do site.
Onde: Pinacoteca do Beiru. Rua Irmã Dulce, 1E - Tancredo Neves
Link para imagens do processo aqui.
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