Marília Arraes |
Marília Arraes é de família tradicional
da política Pernambucana, mas como ela mesma disse, tem “um caminho próprio
percorrido nesse campo”. Reconhece a força que teve seu Avô Miguel Arraes,
ex-governador do Estado e uma personalidade política história. Desde os 14 anos de idade, que ela já participava das
movimentações políticas nas ruas do Recife. Em 2002, ingressou na Faculdade de Direito
do Recife (UFPE), onde atuou
no Movimento Estudantil, defendendo o Movimento Faculdade Interativa.
É hoje uma
das mais fortes vozes da oposição no Estado ao governo Paulo Câmara, PSB.
Fazendo denúncias contundentes e críticas à “falta de governo e abandono das políticas
públicas propostas”.
Blog: Vereadora, essa sua
militância política está no sangue, é de família?
Marília Arraes: Não acho que
esteja no sangue. São escolhas que nós fazemos na vida. Inclusive sou contra
esse tipo de visão da política, apesar de ter tido o meu avô com a vida
dedicada a política. Veja, ele nunca investiu nisso como um negócio de família.
Muito pelo contrário. Ele nunca incentivou, nem procurou nos colocar neste
meio. Quem se engajou, quem participou, foi porque quis. Inclusive enfrentando
muitas dificuldades.
Blog: Qual a sua participação
no movimento estudantil em Recife?
Marília Arraes: Quando eu
cheguei a faculdade, eu já tinha uma militância macro. Não foi como algumas
pessoas que iniciaram os contatos políticos no movimento estudantil. Eu
participava do Movimento Faculdade Interativa na
UFPE – Universidade Federal de Pernambuco, no curso de Direito. Lá sempre houve
uma movimentação política muito grande entorno do DA – Diretório Acadêmico.
Blog: Seu
primeiro Partido Político foi o PSB, mas hoje é a líder da oposição ao governo
desta agremiação. Porque?
Marília Arraes:
Pernambuco não tem Governo! Pernambuco tem uma pessoa que está no cargo, mas
que não se comporta como Governador. Não se coloca a frente dos momentos de
dificuldades do estado e nem se porta como uma liderança. Grande parte da situação
difícil que Pernambuco tem vivido é por conta da crise política que foi instalada
pelo grupo que comanda o estado. Por ser acéfalo, não ter nenhuma liderança
legitimada entre eles para dar um rumo político e de gestão ao estado.
Blog: O que a
levou sair do PSB e ingressar no Partido dos Trabalhadores?
Marília
Arraes: O meu rompimento com o partido ocorreu em 2014 quando PSB começou a
trair a sua história, toda a sua militância no campo político. Aquele que
Miguel Arraes ajudou a construir dentro Brasil, com a defesa da democracia e de
estar alinhado ao campo das esquerdas. E que tem como liderança o ex-presidente
Lula. Por não aceitar o novo direcionamento, eu rompi. Não aceite as novas
alianças que estavam se formando.
Blog: Na segunda-feira,
03, a Senhora esteve com o Presidente Lula. Ele abençoou a sua candidatura ao
Governo de Pernambuco em 2018?
Marília
Arraes: Não (rindo). Nós não temos falado de nomes atualmente. O debate dentro
do PT se dá de outra forma. E mesmo que o presidente Lula estivesse simpático,
no Partido não acontece assim. Primeiro se discute o projeto, discute-se o
direcionamento que o Partido vai tomar nas próximas eleições, para só depois se
discutir qual o melhor nome a ser apresentado. Na reunião, eu e o Senador Humberto
Costa, passamos para ele a nossa impressão da conjuntura política no estado. Eu
disse a ele que seria muito difícil, muito complicado ter uma política de
alianças com os candidatos e os partidos que estão postos lá neste momento para
a disputa do governo do estado. Seria incoerente e não teria como convencer a
militância a isto.
Blog: Como
está o Presidente Lula?
Marília
Arraeas: Nós o encontramos muito empolgado, muito animado para participar das
próximas eleições. Ele está muito confiante. Ele é sabedor da receptividade que
o povo tem pela candidatura dele.
Blog: No PT
de Pernambuco há alguma resistência ao seu nome?
Marília
Arraeas: O nome não foi colocado ainda. Nem o meu, nem de mais ninguém. O que
temos criado dentro do Partido é a busca de um consenso de que deve haver uma
candidatura própria. Inclusive foi aprovada uma resolução neste sentido no
congresso estadual do PT. Vão haver reuniões nas próximas semanas e essa
discussão vai haver. A partir do momento que for ratificava a tese da
candidatura própria os nomes vão ser colocados e discutidos. Até porque, nós
precisamos dialogar para dentro, mas também para fora do partido. E eu vou
estar disposta a construir este projeto, independente do que aconteça.
Blog: O que
lhe diferencia dos outros candidatos?
Marília
Arraeas: O que vai fazer a diferença não é uma eventual candidatura de Marília
Arraes. O que vai fazer a diferença para os outros candidatos será o projeto político
que o PT defende. Que é o projeto que colocou o povo mais carente como prioridade,
mudando a vida dessas pessoas, fez com que a classe trabalhadora pudesse
ascender socialmente, poder ter acesso a universidade, ao consumo, a uma vida digna
que antes não tinham. Veja, a política que predominava no Brasil era outra.
Então, nós vamos ter uma candidatura no Partido que vai representar tudo que o
partido proporcionou e que o povo terá como comparar, como era a vida de antes
e na época que o PT governou o Brasil. E os outros projetos são contrários a
tudo isto que nós defendemos. Essa é a diferença!
Blog: Sendo a
senhora candidata, o que o Sertão Pernambucano pode esperar do seu governo?
Marília
Arraes: Nós ainda não estamos em campanha. Mas o que defendemos dentro do PT e
para onde mais eu tenho ido, é ao interior, para dialogar com os diretórios do
Partido, onde temos nomes fortes internamente como o prefeito Luciano Duque, da
cidade de Serra Talhada, no Sertão do Pajeú. Assim como em Petrolina com os
vereadores, Professor Gilmar Santos e a Cristina Costa. Assim como o vereador André
Cacau em Salgueiro. Temos dialogo muito com essas pessoas. Nós sabemos que
existe essa dificuldade, mas pela minha formação, pelo início da minha
militância que se deu com o meu avô, não tem como ficar distante deste diálogo
com o Sertão.
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