O clima era de indignação, mas também de festa cívica. Bandeiras vermelhas, cartazes improvisados e palavras de ordem se misturavam ao batuque de tambores. Entre os grupos, militantes do Partido dos Trabalhadores marcavam presença com faixas que denunciavam a tentativa de transformar a Constituição em escudo para corruptos. “Não é só sobre política, é sobre dignidade”, dizia Maria das Graças, professora da rede pública, que viajou 300 km para protestar na capital baiana.
Enquanto isso, no plenário, deputados favoráveis à PEC
tentavam acelerar a votação. Mas a pressão popular, amplificada nas redes e nas
ruas, começou a rachar alianças. Parlamentares antes discretos passaram a
evitar entrevistas, e líderes governistas sentiram o peso da opinião pública.
Para o PT, a mobilização foi prova de que a democracia se
defende com participação popular. “O povo não aceita retrocesso. Essa PEC é um
tapa na cara de quem acredita na justiça”, afirmou um deputado da bancada
petista, sob aplausos de manifestantes que acompanhavam a sessão do lado de
fora.
A narrativa de que a proposta serviria para “proteger o
mandato” caiu por terra diante das denúncias de que, na prática, blindaria
políticos de investigações e punições. A cada nova fala contrária à PEC, a
multidão respondia com gritos de “não vai passar!”.
No fim do dia, o saldo era claro, o Congresso pode ter
microfones, mas as ruas têm megafones. E, desta vez, o recado foi dado em alto
e bom som, o Brasil não aceita que a lei seja feita para salvar quem deveria
ser julgado.
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