Enquanto para alguns a Lava Jato curitibana promoveu uma
faxina no país, a “República de Curitiba” continuou com seu quintal imundo.
O slogan “República de Curitiba: aqui a lei se cumpre” vem
sendo usado pelos curitibanos como uma manifestação de orgulho pelo
pertencimento a uma suposta ilha de seriedade num país tomado pela impunidade.
Paradoxalmente, enquanto para alguns a Lava Jato curitibana promoveu uma faxina
no país, a cidade continuou com seu quintal imundo, pois os casos de corrupção local
sempre acabaram em pizza.
Dias atrás, o secretário de Estado Ezequias Moreira foi
condenado pelo TJPR a pena de seis anos e oito meses de prisão por desvio de
dinheiro público no escândalo da “sogra fantasma”. Ezequias confessou ter
colocado a sogra na folha de pagamento do órgão legislativo por 11 anos,
desviando meio milhão de reais. Quando o processo estava pronto para ser
sentenciado, em junho de 2013, Moreira foi nomeado secretário de Estado (em uma
secretaria criada só pra ele) pelo atual governador, ganhando foro
privilegiado. Após dezenas de manobras processuais, o caso prescreveu, enquanto
o acusado continua a gozar do status de secretário, como se nada tivesse
acontecido.
O esquema “Gafanhoto”, que usou a mesma estratégia de
funcionários fantasmas para desviar dinheiro da Assembleia entre 2001 e 2004,
ficou com a investigação parada por dois anos por decisão do STF e atualmente
se arrasta rumo ao cancelamento sem nenhuma condenação efetiva. Como não foram
incomodados, os gafanhotos cresceram e se sofisticaram. Em 2010 veio o
escândalo dos Diários Secretos da Assembleia, em que as mesmas assombrações
desviaram mais de R$ 200 milhões em favor de políticos regionais. Passados sete
anos, nenhum cacique foi definitivamente punido.
Diogo Castor de Mattos: procurador da República, é
integrante da força-tarefa da Operação Lava Jato no Ministério Público Federal
no Paraná.
Artigo completo aqui.
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