"Janinho Soares: Sua trajetória e suas crônicas"

Noite de sábado, 11, e o que rolou na cidade de Paulo Afonso, na Bahia? Uma chuva daquelas, de água cristalina, para celebrar o lançamento do livro: Janinho Soares – Sua trajetória e suas crônicas, no Colégio Municipal João Bosco, "Janinho Soares: Sua trajetória e suas crônicas" do escritor “Rubervânio Rubinho Lima”, fruto do projeto cultural da Lei Paulo Gustavo.

Janinho, se tivesse a sorte de ainda estar por aqui, tava comemorando essa homenagem que reúne crônicas escritas por ele ao longo de anos no Jornal A Tarde de Salvador. Ele nasceu em Paulo Afonso e se chamava Jânio José Ferreira Soares e Silva. Veio ao mundo no dia 21 de junho de 1958 e partiu pra encontrar o Senhor aos 63 anos, deixando um vazio danado pra quem o conheceu e pra quem lia suas crônicas.

O homenageado foi, por mais de 20 anos, o responsável pela área de turismo e cultura da cidade. Serviu como secretário da prefeitura e foi o principal responsável por eventos que mudaram a vida da juventude, atraindo milhares de turistas que se jogaram nos esportes radicais e se encantaram com as belezas naturais, aproveitando o som de artistas locais e nacionais em festas que viraram referência no Brasil.

Durante o evento de lançamento do livro, estavam presentes as filhas Júlia e Luiza Soares e a irmã, Jane Nogueira, que compartilharam passagens da vida de Janinho e lembraram da pessoa tranquila e cheia de histórias lindas que ele vivenciou. Depois da sua partida, descobriram que ele foi um filantropo anônimo pra muita gente. Uma das filhas comentou sobre um trecho do Evangelho de Mateus, capítulo 6, versículo 3, que diz: “não saiba tua mão esquerda o que faz a direita”. “Ele era assim”, contou ela.

Pra homenagear Janinho, um bocado de amigos e amigas subiram ao palco e relembraram histórias que viveram com ele. Brando Guerra, Silvio Ricardo (Silvinho), Zé Miguel, Nadja Maria, Dimas Roque, Antônio Galdino e Rogério Xavier estavam lá. Também esteve presente o ex-vereador e cunhado, Petrônio Nogueira e Flávio Roque, superintendente de cultura de Paulo Afonso e apresentações musicais de Silvinho e Igor Gnomo.

Janinho foi um cronista como poucos no Brasil. Os textos dele ressaltavam a sua vivência do dia a dia, as paisagens do sertão onde morava e a política, sempre com tiradas únicas de um sertanejo que amava seu povo, seus costumes e sua fala, e que nunca se desconectou do que rolava no mundo. Ele viveu intensamente com os amigos, como se escutasse a música “With A Little Help From My Friends” (Com uma ajudinha dos meus amigos) dos Beatles em um vinil, admirando o Rio São Francisco todas as manhãs de domingo, antes de pegar o Jeep e atravessar as estradas esburacadas do Raso da Catarina catando sementes de ipês (pau-d'arco) e retornando ao final da tarde para sua morada em Glória/BA.

As crônicas de Jânio Soares, no Jornal A Tarde, capturaram a essência e as nuances do cotidiano, especialmente da vida. Seu olhar atento às belezas do sertão e seus desafios sociais fez com que suas palavras ecoassem não apenas entre os leitores locais, mas também entre aqueles que buscavam uma conexão mais profunda com a cultura nordestina. Jânio tinha a habilidade de transformar pequenos detalhes do dia a dia em reflexões significativas, utilizando uma linguagem simples e poética que tocava o coração das pessoas. Suas crônicas eram como um abraço acolhedor, repleto de amor por sua terra e seu povo, tornando-o uma voz indispensável na literatura e no jornalismo da Bahia.

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