O homenageado foi, por mais de 20 anos, o responsável pela
área de turismo e cultura da cidade. Serviu como secretário da prefeitura e foi
o principal responsável por eventos que mudaram a vida da juventude, atraindo
milhares de turistas que se jogaram nos esportes radicais e se encantaram com
as belezas naturais, aproveitando o som de artistas locais e nacionais em
festas que viraram referência no Brasil.
Durante o evento de lançamento do livro, estavam presentes
as filhas Júlia e Luiza Soares e a irmã, Jane Nogueira, que compartilharam
passagens da vida de Janinho e lembraram da pessoa tranquila e cheia de
histórias lindas que ele vivenciou. Depois da sua partida, descobriram que ele
foi um filantropo anônimo pra muita gente. Uma das filhas comentou sobre um
trecho do Evangelho de Mateus, capítulo 6, versículo 3, que diz: “não saiba tua
mão esquerda o que faz a direita”. “Ele era assim”, contou ela.
Pra homenagear Janinho, um bocado de amigos e amigas subiram ao palco e relembraram histórias que viveram com ele. Brando Guerra, Silvio Ricardo (Silvinho), Zé Miguel, Nadja Maria, Dimas Roque, Antônio Galdino e Rogério Xavier estavam lá. Também esteve presente o ex-vereador e cunhado, Petrônio Nogueira e Flávio Roque, superintendente de cultura de Paulo Afonso e apresentações musicais de Silvinho e Igor Gnomo.
Janinho foi um cronista como poucos no Brasil. Os textos
dele ressaltavam a sua vivência do dia a dia, as paisagens do sertão onde
morava e a política, sempre com tiradas únicas de um sertanejo que amava seu
povo, seus costumes e sua fala, e que nunca se desconectou do que rolava no
mundo. Ele viveu intensamente com os amigos, como se escutasse a música “With A
Little Help From My Friends” (Com uma ajudinha dos meus amigos) dos Beatles em
um vinil, admirando o Rio São Francisco todas as manhãs de domingo, antes de
pegar o Jeep e atravessar as estradas esburacadas do Raso da Catarina catando
sementes de ipês (pau-d'arco) e retornando ao final da tarde para sua morada em
Glória/BA.
As crônicas de Jânio Soares, no Jornal A Tarde, capturaram a
essência e as nuances do cotidiano, especialmente da vida. Seu olhar atento às
belezas do sertão e seus desafios sociais fez com que suas palavras ecoassem
não apenas entre os leitores locais, mas também entre aqueles que buscavam uma
conexão mais profunda com a cultura nordestina. Jânio tinha a habilidade de transformar
pequenos detalhes do dia a dia em reflexões significativas, utilizando uma
linguagem simples e poética que tocava o coração das pessoas. Suas crônicas
eram como um abraço acolhedor, repleto de amor por sua terra e seu povo,
tornando-o uma voz indispensável na literatura e no jornalismo da Bahia.
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