A COVARDIA SILENCIOSA, QUE NÃO CHEGA NA MÍDIA. (Por Francisco Costa)


Embora vulgarizado pelo capitalismo, que transforma tudo em operação contábil, mina de dinheiro, uma das principais atividades humanas ainda é a prática dos esportes.

Seja num campo de futebol, num ginásio esportivo, numa quadra, ringue, piscina ou raia, trabalhamos os nossos instintos mais primários, seja competindo, seja na torcida, dando vazão aos nossos instintos de predadores, descarregando uma agressividade natural, porque mecanismo da natureza, arma da evolução biológica.


Isto é sabido desde a antiguidade e inclusive usado como fator de ordenamento social, legitimamente ou para manipular o povo, vide os jogos romanos e as Olimpíadas gregas (o gladiador de ontem é o Neymar de hoje).


A prática de esportes é fundamental para o ser humano. Tanto que esta é uma grande preocupação e alvo de investimentos nos países que passaram por revoluções socialistas, tornando-se potências esportivas.


Abandonando a ótica humanística e científica e olhando com os mercenários olhos do mercado, os esportes são uma das principais ferramentas econômicas, já que uma arma da publicidade: a cada vez que um atleta ou um time norte-americano vence uma competição e é tocado o hino daquele país e hasteada a sua bandeira, entende-se Made in USA, da mesma maneia que tocado o nosso hino e hasteada a nossa bandeira, o mundo entende Made in Brazil, associando os feitos eportivos aos nossos produtos no mercado internacional.


Por fim, até recentemente o filho do pobre só tinha dois caminhos para a ascensão social: o futebol e a música.


Coerente com o seu discurso e o programa do partido, Lula criou uma série de programas e iniciativas visando desenvolver os chamados esportes amadores, sendo seguido por Dilma, que ampliou esses programas, e digno de nota foram as bolsas atletas e o engajamento dos atletas de ponta, com potencial, nas Forças Armadas, e as conseqüências vieram: nas últimas Olimpíadas (RJ) o Brasil teve o melhor desempenho da sua história, não só em número de medalhas como no número de atletas que chegaram perto, longe das últimas colocações, nas Olimpíadas anteriores.


Isto é o que nos salta aos olhos de imediato, mas um enfoque mais apurado nos mostra que os nossos atletas de ponta, hoje, são negos, nordestinos, interioranos e mulheres, em sua maioria, nascidos longe da visibilidade social, que teriam como destino o anonimato e a miséria.


Isto porque o Brasil foi tomado por um clima esportivo e empresas passaram a fazer publicidade nos uniformes dos desportistas amadores, a injetar dinheiro nos pequenos clubes, e as escolas e universidades passaram a dar bolsas atletas, com os alunos estudando gratuitamente, com o compromisso de competir pelas escolas e universidades, dando-lhes visibilidade no mercado.


É com muito orgulho que afirmo que a nossa escola, de família, está ranqueada entre as dez melhores equipes de handebol infantil e infanto-juvenil do país.


Somos campeões carioca, fluminense, terceiro colocado no último brasileiro, por convite, estamos disputando o campeonato paulista, e nos preparamos para embarcar para Curitiba, em setembro, para mais um campeonato nacional interescolar.


Claro que só as crianças do bairro seriam insuficientes para chegar tão longe. Damos bolsas de estudos, onde se inclui o estudo na escola, obrigatório, com exigência de rendimento escolar mínimo, e refeições nos dias de treinos, SEM NENHUMA CONTRAPARTIDA DO PODER PÚBLICO.


Isto mesmo, pagamos, uma escola, os mesmos impostos que pagam os motéis, boates e clubes.
Só que surgiu o desgoverno Temer, o golpe, a escuridão econômica e social, e todos os programas estão sendo desmontados ou drasticamente reduzidos.


Os meus amigos virtuais mais próximos e os seguidores mais fiéis devem se lembrar da minha felicidade e do meu orgulho, por ter uma neta na seleção brasileira de handebol.


Por conta da sua dedicação quase doentia, dos intensos treinamentos, de muitas dores musculares e sacrifício das atividades os adolescentes, ganhou uma bolsa atleta, da Caixa Econômica, uma bolsa atleta, de uma universidade, e foi incorpora à FAB, como sargento atleta.


Por conta da crise econômica e dos investimentos preferenciais do desgoverno golpista, comprar deputados e perdoar dívidas de latifundiários, cortarem-lhe a bolsa da Caixa, a bolsa da Universidade e a FAB acabou com a seleção de handebol, desligando (dando baixa) os seus sargentos e oficiais atletas.
Minha neta desanimou-se, abandonou as quadras, casou-se e está prestes a me dar um bisnetinho.
Graças a Deus e ao esforço familiar, ela será herdeira de uma escola de porte médio, mas a quase totalidade das suas companheiras, tendo os sonhos e o futuro abortados, estão voltando para as periferias urbanas, para as favelas, muquiços, alagados e palafitas, para a miséria, para gerar filhos que engordarão a criminalidade e votarão em ladrões.


Para os bandidos que estão no poder, lugar de pobre, preto, nordestino e mulher é na merda, calados e acomodados.


Qualquer coisa que viermos a fazer, seja como fizermos, será ato de legítima defesa.

Por Francisco Costa.

Um comentário:

Leonilda Freitas disse...

Infelizmente é isso.
Que pena a neta não prosseguir, graças aos pilantras que tomaram o poder. E ainda bem que ela terá amparo. Diferente de tantos outros.