Ainda hoje, comentei em sala de aula, que as vezes tenho a
impressão de que estamos vivenciando mais um momento onde tudo me parece ser
surreal. A cretinice política permitiu um quadro desenfreado de brutalidade,
onde qualquer um, diz qualquer coisa, sem pensar o que qualquer um de seus atos
pode causar.
Não bastasse a agressão sofrida por uma colega de profissão
em Santa Catarina, por um jovem com longo histórico de violência e o quanto
isto tem sido usado para justificar a campanha da Maioridade penal, hoje, na
noite terça a feira, há algumas poucas horas veio a público o vídeo do Deputado
federal fundamentalista Marco Feliciano. Em um momento onde a indignação da
agressão à colega é alta, e isto é natural, o deputado federal se utiliza de sua
imunidade parlamentar para confundir, acusar, e aumentar a campanha de ódio no
país.
Em primeiro lugar, alega que a professora não deveria abrir
queixa contra o estudante por ela se definir como Freireana. Pois bem, Paulo
Freire é quase unanimidade quando debatemos Educação. Seu método de
alfabetização social é tido pela Unesco como o mais avançado do Mundo por
combinar capacidades cognitivas e mnêmonicas. O "método Paulo Freire"
foi adotado por diversas organizações internacionais na alfabetização de jovens
e adultos em situação de pobreza extrema e risco. No Brasil, ele foi proibido
pela Ditadura Militar. Em momento algum Freire justificaria a violência. Freire
era cristão e não mais um pastor televisivo que vive parasitando a política com
o dinheiro dos pobres fieis. Paulo Freire pregava a horizontalização da
educação, o aprendizado conjunto, mas nunca, em hipótese alguma a violência, de
ambos os lados. Freire, morto há 23 anos, não merece ser ofendido por um safado
asqueroso como este senhor, que responde por homofobia, racismo e assédio.
Segundo: Feliciano se utiliza de uma publicação da
professora, em relação aos políticos profissionais, para justificar seu
discurso. Induz os incautos a acreditar que ela é vítima da mesma intolerância
que prega. Não, ela não prega a intolerância a dizer que não suporta Dória e o
senhor Bolsonaro.
Qualquer pessoa com o mínimo respeito a si mesmo, não pode
defender um senhor (Dória) que prega que mendigos devem ser removidos das ruas
com jatos de água - o que soa como "enxota-los". Da mesma maneira,
não preciso me esforçar para dizer que os eleitores de Bolsonaro são
desprovidos de conhecimento político. Se o fossem, saberiam que o ódio que ele
prega chega a todos os cantos da sociedade. Participar de campanhas para barrar
uma campanha de ódio não é intolerância, e sim, resguardar o espaço
democrático. Dória, em algum aspecto é tão intolerante quanto Bolsonaro: se o
segundo prega a violência física, a violência sexual e a verbal contra as
minorias, o segundo esconde tudo isto pregando a violência econômica - que
chega a ser pior em alguns casos por que se mascara através do senso comum e traz
consigo todas as outras já citadas acima.
Por fim, é preciso dizer que sou professor de História e a
Arte-educador. Leciono para adolescentes há alguns anos, e vou continuar
mantendo a relação horizontalizada com eles. Isto não me faz ser melhor ou pior
do que outros colegas, mas apenas o que eu me propus a ser: educador. E ser
educador é muito mais do que ser professor, segundo já diria o próprio Freire.
Assim, continuo acreditando que não são atos isolados (sim, por que o pastor
faz parecer que isto é uma Onda e que merece intervenção militar), ainda que em
número alarmante, que justificariam a maioridade penal. É assustador ver que a
Igreja Neopentecostal elegeu um homem tão mal informado: O Brasil não inocenta
infratores. Pelo contrário: as medidas adotadas no Brasil são praticadas a
partir dos 12 anos contra a maioria da União Europeia, que as adota aos 14
anos. Lá, entretanto, as escolas são de tempo integral. E sim: o estudo é laico
e as constituições garantem o amplo debate nas salas de aula. Fato este que
assusta o senhor Pastor Marco Feliciano, que defende a Liberdade de Mercado e
ao mesmo tempo a Lei da Mordaça. Interessante não?
Mais uma desinformação? Sim, é considerável, como quer o
Pastor, pensar que há um aumento dos números de infrações cometidas por menores
e crimes cometidos por jovens contra adultos. O número de mortes de adultos
cometidos por menores aumentou de 1980 e 2011 (31 anos) em 16%. O que o pastor
não sabe é que no mesmo período a matança de menores por adultos aumentou 301%.
Estamos vivenciando um Holocausto urbano, uma guerra civil disfarçada, e o
Pastor se utiliza covardemente (por que é um covarde, explorador da boa-fé,
homofóbico e racista) para expor uma trabalhadora e manobrar o seu discurso,
inclusive se utilizando das imagens da dor alheia para fazer campanha
presidencial para Jair Bolsonaro. Sem qualquer pudor ou respeito pela condição
de exposição dada a ela. Volto a dizer: covarde. Marco Feliciano é um covarde.
Por que é homem, por que é rico, tem imunidade parlamentar e mais do que isto,
está blindado pelo bando de cretinos que cerca o país em campanhas de ódio.
Assim, expõe as pessoas ao ridículo, manobrando as Massas que explora com seu
discurso de piedade cristã, sendo que por detrás, sequer sabe o que é isto.
Vive da Luxuria e da soberba enquanto prega o voto de miséria aos seus
cordeiros.
O maior favor que este senhor pode fazer à sociedade
brasileira é desaparecer da política. Estamos fartos de tanta hipocrisia e de
Campanhas de ódio, disfarçadas de piedade cristã. Tenho certeza de que Jesus
Cristo ao ver isto, teria ânsia de vômito e vergonha, e diria sua célebre
frase, registrada no Livro de Mateus:
"Pois muitos são os que virão em meu nome, proclamando:
‘Eu sou o Cristo!’, e desencaminharão muitas pessoas".
Qualquer reclamação, mandem este covarde, aproveitador da boa-fé,
vir debater comigo em reunião aberta.
Por Fabiano.
Nenhum comentário:
Postar um comentário