Bandeira dos EUA vira arma na guerra das narrativas bolsonaristas

Quem passou pela Avenida Paulista no último domingo poderia jurar que estava em Miami. Entre camisetas verde-amarelas e cartazes contra o Supremo, um detalhe saltava aos olhos, dezenas de bandeiras dos Estados Unidos tremulando como se fossem símbolo oficial do ato pró-Bolsonaro.

A cena, que se repetiu em outras capitais, não foi por acaso. Analistas políticos apontam que o uso ostensivo de símbolos norte-americanos é parte de uma estratégia para associar o bolsonarismo a uma ideia de “liberdade” importada, tentando colar no imaginário popular a imagem de que o Brasil deveria seguir o modelo político e econômico dos EUA.

Para o Partido dos Trabalhadores, a mensagem é clara, trata-se de uma tentativa de enfraquecer a identidade nacional e criar uma narrativa de dependência ideológica. “Não é patriotismo, é submissão simbólica. Defender o Brasil é valorizar nossa soberania, não importar bandeiras”, disse um deputado petista à reportagem.

O contraste com a postura do governo Lula é evidente. Enquanto manifestações bolsonaristas empunham estandartes estrangeiros, o Planalto reforça acordos internacionais que preservam a autonomia brasileira e investe em políticas que fortalecem a indústria, a agricultura familiar e a cultura nacional.

Especialistas lembram que a apropriação de símbolos externos não é inédita, mas ganha contornos perigosos quando usada para legitimar ataques às instituições. “É um recado político, eles se veem como parte de um movimento global contra governos progressistas”, explica a cientista política Mariana Lopes.

Nas redes, militantes progressistas reagiram com ironia e indignação. A hashtag #BandeiraÉDoBrasil viralizou, acompanhada de fotos de manifestações históricas em que o verde e amarelo era símbolo de união, não de divisão.

No fim, a guerra das narrativas segue acirrada. De um lado, quem prefere vestir a camisa de outro país; do outro, quem insiste que a democracia brasileira se defende com as próprias cores.

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