Carta direto da reclusão voluntária (Por Fábio Colonetti)


Nestes dias de quarentena, em casa com minha família e ficando com minha filha Lorena em regime de plantão (rsrsrs) pus-me a refletir a cerca dos reflexos do corona vírus no atual momento político do país. Aqui onde resido, na cidade de Criciúma, SC, a onda bolsonariana caiu nas últimas eleições como uma luva. Impressionante foi identificação do povo Criciumense com as idéias conservadoras, pouco reflexivas, não profundas e não científicas do bolsonarismo. Questões do costume, da colonização européia mais conservadora além do nível cultural, social e político das pessoas explicam, talvez. Mas bastou o corona vírus para esta página começar a virar. Quando no dia 18 de março de 2020, presenciei vizinhos meus batendo panela e gritando fora Bolsonaro, quase não acreditei. E olha que moro em uma região “elitizada” da cidade. Mas qual o motivo desta virada de mesa? Bom, a reflexão me trouxe a seguinte explicação. O corona vírus é um “inimigo”,
se é que assim podemos chamá-lo, de todos. A conduta desleixada e irresponsável do presidente em relação ao atual momento, menosprezando de forma não científica (como de costume e como é o bolsonarismo) indignou a quase todos, inclusive uma boa parte dos defensores mais assíduos ou fanáticos. Mas não foi só. O corona vírus mostra que o sistema de saúde público brasileiro (SUS), tão menosprezado, precarizado pelo pelas políticas do bolsonarismo, pelo teto (PEC 95) e contenção de gastos do governo é simplesmente indispensável, pois 70% da população dependem dele. É este sistema que está na linha de frente a combater este inimigo invisível, claro, junto com as demais instituições do sistema privado. E mais, o corona vírus mostra que nosso cientistas, pesquisadores e professores das universidades públicas, tão hostilizados com fake news (algumas delas saindo do gabinete de um dos filhos do presidente, o Eduardo Bananinha, segundo Mourão), são absolutamente importantes, necessárias, cruciais para o desenvolvimento de políticas públicas que salvam vidas, ou seja, da saúde do povo brasileiro. Assim, minha reflexão me levou ao entendimento que estamos em um momento diferente, onde a verdade não demora. A mentira se antes tinha perna curta, agora parece que não tem perna. Astrólogos e cientistas que estudam a relação do sol com a terra (vale apena o estudo), explicam este momento, onde a verdade não demora chegar. A grande real é que nosso inimigo invisível, o corona vírus, que trouxe medo e incertezas, trouxe também a possibilidade de enxergarmos a realidade com mais facilidade, de percebemos que a negação cega da ciência não tem mais vez no atual momento. Nossos servidores públicos, chamados de parasitas por Guedes (ministro da economia) são nosso guerreiros do enfrentamento e merecem palmas, como as marcadas em redes sociais para o dia de hoje nas janelas dos apartamentos em quarentena. Nossos professores e cientistas que passam a maior parte do tempo aprendendo e ensinando em nossas universidades públicas, chamadas de depósitos de drogados ou maconheiros pelo bolsonarismo, são a chave ou o segredo por onde nascem as descobertas, como a vacina ou os remédios que logo vamos construir juntos, é claro, em colaboração com professores e cientistas de outros países. Logo, o corona vírus nos trouxe muito, mas o que mais nos trouxe foi a retirada da máscara, da coberta sobre a mentira, de ver que na prática as idéias do bolsonarismo são irreais, desprovidas de qualquer verdade, assim como o é, o neoliberalismo chileno atrasado de Guedes, mas isto, fica para o próximo texto.

Por: Fábio Colonetti.

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