Tá na internet: LULA & BOULOS: A "INCONVENIÊNCIA" DO "CARA", AQUELE QUE DESEQUILIBRA O JOGO, NO SEIO DA ESQUERDA. (Por Romulus)


Vejo enorme potencial no Guilherme Boulos.

Articulado, preparado...

(sim, na "luta"... mas contando, até mesmo, com um "plus" uspiano no currículo - c'est chic!)

E - por que não? - o cara tem até boa estampa!

Sem hipocrisia, minha gente: isso nunca prejudica. Nem na política, nem na vida.

(que não... não é "justa". Aceitemos que dói menos. Isso decorre de um viés cognitivo chamado “efeito halo”. Deem uma olhada no Google e... finalmente aceitem! rs)

Por exemplo, Yuri Gagarin foi o escolhido, entre dois treinados, para ser "o" cosmonauta da URSS por...

- ... ser o mais bonito, o que falava melhor, o que tinha a história de vida mais “inspirador-propagandística”.

(“filho de camponeses de uma fazenda coletiva”!)

E isso apesar de o outro, o preterido, apresentar melhores resultados nas avaliações!

(já disse: a vida não é "justa"!)

Mas voltando ao Boulos...

O que, à la Gagarin, fala bem, é bonitão e, “franciscanamente”, saiu de berço de ouro para viver com os pobres sem teto.

Pois então...

Parece que Boulos tem um pouco de "pressa" demais na sua vontade (um tanto clara) de ascender como liderança na esquerda.

Ora, por que não?

Vontade legítima!

Mas aí...

Bem...

Mas aí essa pressa faz o projeto pessoal, às vezes, sobrepor-se ao interesse coletivo.

Interesse coletivo da esquerda, bem entendido...

Mas também do povão!

Aliás...

Daí sua proximidade com o PSOL.

São dinâmicas parecidas de "trade offs" no posicionamento no “jogo” político.

Esse tal movimento "Vamos", por exemplo, parece ser uma tentativa de disputa diante da INEVITABILIDADE de Lula encarnar, no imaginário da esquerda, o programa... “anti-tudo o que está aí".

Digo "imaginário da esquerda" porque, no do "povão", aí é que Lula é ‘a’ encarnação, DEFINITIVA, do "anti golpe" mesmo...

Não tem para mais ninguém.

Contribuindo para isso, há uma dinâmica de identificação tanto "positiva", comissiva, como "negativa", "omissiva" (aspas!), por parte de Lula.

Ou seja, essa identificação se dá tanto por coisas que Lula quem faz (com muito talento, registre-se), como a (genial) caravana pelo Nordeste, como por coisas que outros fazem ("por ele") - como a perseguição implacável político-midiático-judiciária, intensificada pelo consórcio golpista de 3 anos para cá.

Essa perseguição, juntamente com o colossal fiasco econômico do golpe (e, obviamente, casado com o "recall" de tempos melhores nos anos Lula), inevitavelmente torna Lula ‘o’ "polo opositor" ao "tudo que está aí". E isso no contexto da já forte polarização política na sociedade, o que diminui os “nichos” potenciais passíveis de serem ocupados por quem não se encaixa (ou não quer se encaixar) no “nós contra eles”.

Quer queiramos ou não, Lula representa, pro povão e também para a maioria da esquerda, o "anti-golpe".

“Simples assim”.

E Boulos?

E o PSOL?

Para começo de conversa, vamos lembrar que pobre (ainda) NÃO vota no PSOL. Basta ver a mancha da votação de Marcelo Freixo na disputa pela prefeitura do Rio de Janeiro em 2016...

(Nota: em votação, majoritária, contra o ULTRA rejeitado BISPO Marcello Crivela, da IGREJA UNIVERSAL!)

- ... para ter a comprovação gráfica disso.

Da mesma forma, fora do MTST, qual o pobre que ouve (ou mesmo conhece!) Guilherme Boulos??

Quanto às farpas entre Rui Costa Pimenta, do PCO, e Boulos, sobre o saldo da contribuição (ou não?) da "Frente Povo Sem Medo", articulada por Boulos, na luta contra o Golpe em 2015/ 2016, não tenho como opinar.

Não moro no Brasil e, portanto, não participei de atos públicos. Muito menos da sua organização, para poder conhecer “bastidores”.

Já quanto ao PSOL, a despeito das manifestações públicas de bancadas e lideranças, sei por fontes seguras que, pelo menos até a deposição de Dilma Rousseff da Presidência tornar-se CERTA, o Partido atuou como uma força DES-mobilizadora. Ao menos em "praças" chave, como a de Brasília.

Entendo as frustrações.

Lula, e o PT a reboque, não é uma pedra no sapato apenas da direita...

Por ser um “craque”, fora de série, Lula desequilibra o jogo.

Para fora, mas também para dentro da esquerda.

Enquanto existir (resistir?) politicamente, não haverá espaço para mais ninguém na esquerda em votação majoritária em nível nacional.

E isso, seja Lula “pessoalmente” ou por meio de "prepostos" (!)

(Dilma... Haddad?)

Ou seria pre-POSTES??

Exemplo claro dessa frustração com a “imortalidade” do “mito” Lula?

Houve, há não tanto tempo, evento que desnudou as “adagas” que personagens "solidários" da esquerda guardam, bem guardadinhas, para cravar no "César"-Lula, quando a oportunidade se apresentar.

Trata-se do depoimento gravado - e, obviamente, ultra-divulgado - do patriarca Emílio Odebrecht a Sérgio Moro... "sobre Lula" (aspas!)

Repentinamente, todas as críticas aos métodos da Lava a Jato de conduzir depoimentos combinados, bem como à falta de provas acompanhando-os, desapareceram em quem, atuando no mesmo campo, quer que Lula seja passado.

E isso por parte tanto de lideranças políticas quanto de blogueiros (mais de um!) da "blogosfera (dita) progressista". Correram todos para registrar a sua "indignação cívica" diante da "imoralidade" e da "promiscuidade" das "relações de Lula com empresários", então “reveladas” (sic).

Assim mesmo:

- De repente, as (meras!) palavras de Emílio Odebrecht, sacadas pelo velho método Lava a Jato (até a véspera tão criticado...) viraram as "Tábuas da Lei", a "verdade revelada", condenando em definitivo Lula ao opróbrio moral (!)

(e político?? rs)

Juntando-se ao esforço da direita, essas lideranças na esquerda e esses jornalistas “progressistas” alimentaram a esperança de que aquele depoimento seria, finalmente, a pá de cal na carreira do "sapo barbudo".

Mas que nada!

Todos - na direita, na esquerda e na blogosfera - que querem ver Lula pelas costas saíram, mais uma vez, frustrados!

E...

"Vendidos"!

Vendidos, dadas as prontas manifestações de "enorme decepção com Lula”...

“Decepção” essa imediatamente “esquecida”, logo depois, quando ficou claro que o depoimento “bombástico” de Emílio Odebrecht não colou no (Teflon!) Lula.

(risos constrangidos... ;-) )

Enfim, tudo isso “apenas” para introduzir a recente entrevista de Guilherme Boulos a Fernando Morais.

Cheguei a ela através da Paty Cout.

Tentei, aqui, responder às suas indagações, tão pertinentes.

(ou será que, na verdade, acrescentei mais perguntas??)

"Fernando Morais entrevistou o Boulos.

Nessa entrevista ele dá umas alfinetadas no Rui Costa Pimenta.

Particularmente, simpatizo com o Boulos, ele pode ser uma boa liderança popular mas... tem um 'mas' que me incomoda e o Fernando Morais é excelente por evidenciar alguns desses pontos.
Como, por exemplo, a interpretação de Boulos das 'jornadas de junho', o 'purismo' na maneira de pensar a política...

O que pode ser esse movimento 'Vamos?"


Ao Boulos e ao Morais então, em busca de respostas:

Link do texto do Romulus aqui.

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