Durante sessão do Congresso Nacional, desta quarta-feira,
dia 03, o deputado federal João Daniel (PT/SE) falou da sua preocupação com
relação à segurança do jornalista Glenn Greenwald e de sua família, com relação
à perseguição que vêm sofrendo por conta das denúncias que vem fazendo através
do site The Intercept Brasil, com revelações de mensagens trocadas pelo então
juiz federal Sérgio Moro e o procurador da república Deltan Dallagnol. O marido
do jornalista, o deputado federal David Miranda (PSOL/RJ), chegou a falar sobre
o caso durante a sessão. Ao se solidarizar com a família, João Daniel repudiou
que esteja sendo usada a estrutura do governo na tentativa de frear novas
revelações, numa clara tentativa de ataque à liberdade de imprensa.
João Daniel lembrou que na terça-feira, durante a audiência
nas comissões, o ministro Moro em nenhum momento ele afirmou ou negou que
tivesse mandado fazer investigação pela Polícia Federal através do Conselho de
Controle de Atividades Financeiras (Coaf), com já foi noticiado. “Portanto, é
lamentável a prática do ministro Sérgio Moro, que quando juiz já foi de ameaçar
a imprensa. Todos sabem como foi feita a condução coercitiva do jornalista
Eduardo Guimarães. Ele [Moro] tem problema com a democracia, com a
Constituição”, afirmou João Daniel, acrescentando que essa medida de utilizar o
Coaf para investigar a movimentação financeira do jornalista revela quais as
reais intenções de sua luta e do governo para que o Coaf continuasse sob o
comando do Ministério da Justiça.
O parlamentar disse que Moro ganhou como presente o
Ministério da Justiça por ter participado de toda articulação que levou estes
que estão hoje no Palácio do Planalto, com um presidente que não apresentou ao
povo brasileiro nenhum projeto até o momento. “O Brasil passa pela pior crise
da história”, destacou. João Daniel lembrou que em sessão especial a Câmara
homenageou, na manhã de hoje, Leonel Brizola e ele, observou o deputado, assim
como outros grandes pensadores e estadistas que já foram homenageados pelo
Parlamento, deve estar a se perguntar como foi que nosso país chegou a tempo,
com este presidente no Planalto.
“O presidente Bolsonaro é obrigado a blindar Sérgio Moro
porque Moro é responsável por toda a arquitetura que levou ao impeachment sem
crime da presidenta Dilma, levando à retirada do presidente Lula do processo
eleitoral e levou a rasgar a Constituição para promover, junto com os membros
do Ministério Público Federal, processos que criminalizaram e prenderam o
presidente Lula”, disse. Segundo o deputado, o que está ocorrendo no Brasil e
no mundo inteiro, sendo revelado pelo site Intercept Brasil, pelo jornalista
Glenn e toda sua equipe, leva o Brasil a uma situação muito grave de falta de
credibilidade, com toda repercussão que tem tido nos jornais em nível
internacional.
Sobre a audiência nas comissões da Câmara, quando o ministro
Sérgio Moro saiu antes de responder a todos os deputados inscritos – inclusive
João Daniel não chegou a ter seu tempo de fala garantido –, o deputado disse
que o que se pode perceber é que o ministro não tem mais nada a responder,
porque ele repetiu o que havia falado no Senado na semana passada e assumiu que
parte das revelações podem ser verdadeiras. “Portanto, não há mais outro
caminho a não ser o ministro renunciar ao cargo assistir a uma investigação
isenta da Polícia Federal”, disse. Para João Daniel, se assim não for, como é
que a PF fará uma investigação isenta se o seu próprio chefe é o investigado. O
parlamentar também repudiou setores antidemocráticos e fascistas que foram as
ruas no último domingo pedir o fechamento do Supremo Tribunal Federal e do
Congresso Nacional.
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