A primeira lembrança que tenho
do meu amigo Diniz e que sempre me vem à cabeça é o dia em que Luiz Inácio Lula
da Silva esteve em Paulo Afonso pela primeira vez em evento político no dia 01
de maio de 1981. Nós tínhamos conseguido que ele fosse entrevistado na rádio
cultura de Paulo Afonso e quando a entrevista ia começar, Antônio José Diniz,
que sempre comandava o espetáculo com convidados, foi logo anunciando, “não
queriam que eu entrevistasse você Lula. O comandante do exército mandou um
portador dar um recado para que você não fosse entrevistado, mas ele manda lá,
aqui quem manda sou eu”. Assim sempre foi o meu amigo.
Ele sonhou ter uma rádio e conseguiu duas. Uma AM e uma FM quando era quase improvável se ter. Conseguiu durante todo o tempo em que esteve à frente delas, colocar, da sua forma, do seu jeito, os ouvintes ligados na Cultura de Paulo Afonso.
Diniz deu oportunidades a
muitos locutores. Alguns começaram ali, naquele prédio da Rua São Francisco
onde atualmente ele morava. Eu mesmo, que nuca antes tinha falado em uma rádio,
a alguns anos atrás o fui visitar, e eu nem sentei direito na cadeira e ele
disse, “estou precisando de você. Preciso de alguém para fazer o programa
Patrulha”. E foi assim que no outro dia, eu sem saber de nada, me tornei o
ancora do programa. Que se deixe registrado aqui, foi horrível o primeiro dia.
Por conta de outros trabalhos, meses depois tive que deixar e comuniquei a ele.
As portas ficaram abertas, tanto que no ano passado, ele me fez um novo
convite. Agora para ser comentarista, junto com ele, do mesmo programa. Era uma
diversão para mim. E ele se divertia muito.
Diniz dizia que não era
Petista. Mas fazia questão de afirmar, nos microfones ou por onde estivesse,
que era Lulista. A admiração pela história de Lula era muito pela origem
nordestina do mesmo. Para se ter uma ideia, ele mandou colocar um banner, na
parede da recepção da entrada da rádio onde tem as fotos de Lula, Dilma e
Jaques Wagner. Quando alguém o questionava, ele saia sempre com a mesma frase, “a
rádio é minha”.
Ele gostava de contar como
começou a trabalhar. Tinha orgulho de sua história. Contava que foi seu pai, o
também Diniz, que o ajudou no início dando o primeiro dinheiro para ele comprar
os primeiros gibis e revistas. Esperto, no início de tudo, ele alugava para as
pessoas. Lembrava que foram seus tios, leitores de revistas, que doaram algumas
a ele. E aquele menino pobre, que ficava em frente ao cinema alugando páginas
de leituras, montou um império de comunicação no município.
Em um lance de sorte, ele
conseguiu um contrato com a Abril Distribuidora e se tornou um dos grandes
distribuidores e revendedores de revistas do Nordeste. Montou a Sedução. Local
onde antes do whatsapp, computadores e celulares, o povo se encontrava para
adquirir revistas, gibis, livros, discos e muito o mais de impressos. Foi lá
que comprei o meu primeiro álbum de figurinhas das seleções da Copa do Mundo de
Futebol de 1974.
Não vou falar dos últimos tempos
dele, nem de nada que possa parecer triste na vida deste homem que, através dos
microfones, só deu alegria a toda essa região. Quero lembrar do jeito único, que
só quem o conhecia pessoalmente e que teve a oportunidade de conviver de perto,
sabe, o quão correto, integro em suas convicções, foi o meu amigo
Diniz.
Faz mais ou menos um mês em que
eu e a minha esposa estivemos o visitando em seu apartamento. Era a segunda-feira
após o aniversário de um dos seus netos (se não estou enganado), e ele, mesmo com todos os
problemas de saúde que estava passando, ainda sorria.
Diniz sonhou ter uma concessão
pública de TV. Investiu muito na estrutura de um prédio esperando conseguir
mais este feito em sua vida. Ele não conseguiu realizar mais este sonho em
vida, mas a história de Diniz não será esquecida e a da comunicação de Paulo Afonso e da região,
devem muito e este homem.
Antônio José Diniz será
lembrado para sempre como o homem que deu voz a esta região através dos
microfones da rádio Cultura de Paulo Afonso.
Adeus meu amigo Diniz!
Nenhum comentário:
Postar um comentário