O chilique do deputado Éder Mauro, do PSD do Pará, e o
troféu entregue pelo deputado Boca Aberta, do PROS do Paraná, formam, junto com
a tropa histérica de puxa sacos da base governista, o mosaico do que restou de
apoio a Sérgio Moro, no Parlamento e, por extensão, na sociedade.
As manifestações do dia 30 de junho, curiosamente chamadas
de “protestos de apoio”, demonstraram com bastante clareza o refluxo desse
apoio, que pode ser medido pelo número de quarteirões ocupados por esses
inusitados protestantes, nos maiores centros urbanos do País.
Fustigado pelos vazamentos do The Intercept Brasil, para os
quais montou uma estratégia de defesa confusa e errática, Moro tem se virado
como pode.
No Senado Federal e na Câmara dos Deputados, comportou-se
como um autômato, focado no treinamento de media training que o orientou a
fugir das perguntas irrespondíveis e se apegar, não sem algum constrangimento,
à bajulação ensaiada dos beócios que hoje compõem a base de apoio do governo
Bolsonaro.
A fala final, na Comissão de Constituição de Constituição e
Justiça, do deputado Glauber Braga, do PSOL do Rio, acionou todos os gatilhos
emocionais dessa gente. Ao chamar Moro de “juiz ladrão”, como antes, no
processo de impeachment, havia colado na testa de Eduardo Cunha a pecha de
“gangster”, Braga abriu a Caixa de Pandora onde repousavam os piores demônios
aliados do ministro da Justiça.
Éder Mauro, delegado de polícia do Pará, foi o primeiro a
surtar. Quase perdeu a peruca ao vociferar contra Braga, a quem chamou de
“viado”, um xingamento cafona, ridiculamente homofóbico, mas que pode lhe
custar uma cassação de mandato. Isso, claro, se ainda houver algum respeito ao
regimento interno da Câmara.
Boca Aberta foi mais além, embora sem tantos faniquitos.
Sacou um troféu de honra ao mérito para Moro. Segundo ele mesmo, uma taça “à
maior estrela do combate à corrupção, no País”. Merecia, ele mesmo, troféu
semelhante, de maior puxa saco de Moro. Sem falar na faixa de Miss Brasil Sem
Noção.
Ali, naquele momento, reverenciado por esse gueto de loucos
e fascistas, Moro percebeu que, daqui para frente, será só ladeira abaixo.
Por Leandro Fortes.
Foto: Lula Marques.
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