Foto do Dia em que eu conheci Lula
1º de maio de 1981, 08h da
manhã e eu já estava no prédio onde fica até hoje a Rádio Cultura de Paulo
Afonso na Bahia. Naquele dia iria acontecer um ato na avenida Getúlio Vargas e
o convidado para falar seria, nada mais, nada menos que Luís Inácio da Silva.
Já conhecido com Lula em todo o Brasil.
Ele tinha se transformado no
maior líder sindicato no país após as greves dos sindicatos no ABC Paulista.
Lula tinha liderado a maior greve já feita e enfrentado diretamente o poder da
época, que tinha no presidente João Figueiredo, um general do exército, a já
moribunda, ditadura militar que vinha desde o ano de 1964.
Para nós, pauloafonsinos,
seria motivo de satisfação ter naquela data a presença da maior liderança
sindical entre nós.
No ano de 1979 aconteceu a
primeira greve dos eletricitários em Paulo Afonso. A segunda veio em 1980 e
naquele ano a sede do sindicato foi invadida pela polícia de ACM – Antônio
Carlos Magalhães, então governador da Bahia e conhecido por seus métodos
truculentos ao longo de sua vida política.
A vinda de Lula, era o
encontro daqueles que optaram pela luta e enfrentamento nas ruas contra o
sistema que oprimia os trabalhadores. Esse movimento que estava por todo o
país, tinha o apoio dos estudantes. E por isto mesmo, eu estava o esperando
para uma entrevista antes do início do ato.
De repente parou na rua, em
frente à rádio um Fiat 147 bege todo empoeirado. Dele desce aquele barbudo que
só víamos através da televisão e vai logo tirando um cigarro do bolso. Ascende
e começa a dar suas baforadas. Ao mesmo tempo diz umas palavras sobre a
distância que percorreu de São Paulo até lá. Pergunta sobre o número de pessoas
no local do evento e diz já está pronto para entrevista. Aperta a minha mão, a
de Zé Ivandro, um amigo até hoje e do então presidente do sindicato dos
eletricitários, Lazaro.
Após as apresentações subimos
todos para o estúdio da rádio. Durante a entrevista feita pelo comunicador
Diniz, percebi o quanto aquele homem em nossa frente era especial para a luta
dos trabalhadores no país. Lula já demonstrava conhecimento de tudo o que
acontecia na luta que os trabalhadores estavam envolvidos. De raciocínio
rápido, ele deu um show em suas respostas.
E eu, ainda um garoto, via em
minha frente alguém que eu já admirava pelos jornais e TVs.
Aquele dia ajudou a forma a
minha consciência política. O envolvimento, que já acontecia junto ao movimento
estudantil secundarista, foi reforçado ao perceber que um Nordestino conseguiu
“parar o Brasil” unicamente com a força do argumento, ao convencer milhares de
trabalhadores a lutar por seus direitos e realizar a greve das greves naquele
período.
Como Lula, algumas pessoas
foram importantes na minha tomada de consciência política e que me fez chegar
aos dias de hoje sem arredar o pé do lado que acredito, ser o mais justo, a
esquerda. São elas, Zé Ivaldo, Emiliano José, além das centenas de companheiros
e companheiros que conheci ao longo da vida.
Terminada a entrevista, fomos
andando a pé até a “Rua da Frente” na Praça do Trabalhador. Hoje eu dou risadas
deste momento porque aquelas poucas pessoas que o acompanhavam estavam de
“seguranças” dele. Imaginem você que eu só iria completar 18 anos quatro dias
depois. Mas o privilégio de estar naquele momento, acompanhando aquela pessoa
não me mostrava o ridículo de me sentir o responsável por uma vida tão
importante. Isto só aconteceu muitos anos depois. Mesmo assim, é uma data que
as imagens dela teimam em permanecer em mim.
Os anos se passaram, desde
então a minha vida e da minha família, já constituída, estão ligadas a luta
travada nas ruas, nas escolas, em todos os cantos por Lula e o Partido dos
Trabalhadores. Eu já disse antes e volto a repetir, o PT não é só uma
agremiação política, é uma religião.
Hoje ver Lula preso político
em Curitiba causa uma dor imensa. É a dor da impotência diante de tão grande
injustiça feita contra uma pessoa. Pessoa esta que mudou a imagem do Brasil no
exterior, transformando uma “república de bananas” em um país respeitado e
admirado por todos os outros. Que influenciou outros governos a implantarem
programas sociais desenvolvidos durante os governos petistas. Saber que,
sequer, pode falar ao seu povo, e está preso injustamente, causa revolta
interna que só é superada com a certeza de dias melhores virão e que o veremos
novamente livre e eleito presidente novamente. Porque não é por você Lula, é
pelo povo pobre que novamente está abandonado, sofrendo e sendo humilhado por
este novo governo que se instalou por aqui.
Lula, não abaixe a cabeça,
mesmo que a sua dor seja tão grande que o machuque, saiba que aqui fora existem
milhões de pessoas lutando por sua liberdade e que não vão arredar um só minuto
da luta por Lula Livre.
Daquele dia em que eu o
conheci até hoje, a minha admiração por você Presidente Lula, só aumentou.
Confesso que tive medo quando as primeiras acusações surgiram. Naqueles
momentos eu me dizia, sozinho no meu canto, “e agora?”. Mas ao ver quão tão
frágeis elas eram, e ler o que o teu carrasco anotou em tua sentença, tive
orgulho de você Lula. Ninguém pode ser condenado por fato indeterminado.
Ninguém! Condenar você por convicção é um escárnio. Essa injustiça perpetrada
tem que ser revista pela Justiça do Brasil.
Meu querido Presidente Luís
Inácio Lula da Silva, estamos nas ruas lutando por sua liberdade, e dela não
sairemos até que você esteja novamente entre nós. E, obrigado por ter ido a
minha cidade natal naquele primeiro de maio de mil novecentos e oitenta e um.
2 comentários:
Lula.Magnânimo.
Belo texto de Dimas Roque, relatando a época exata em que cheguei na cidade Paulo Afonso.
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