DOIS FATOS QUE BEM DIZEM DO BRASIL PÓS GOLPE

Ontem, 28/11, fomos surpreendidos por duas notícias, quase que simultâneas, pondo a nu o caráter da triste realidade no Brasil de hoje.

A primeira delas nos deu conta de que a mala com quinhentos mil reais, transportada por Rodrigo Rocha Loures, fato amplamente divulgado pela mídia nacional e internacional, “sumiu”.

Seria só mais um caso de ocultação de provas e obstrução da justiça, coisa corriqueira neste país sem lei, se Loures não fosse mais que homem de confiança de Temer, mas seu emissário e intermediário em negociações e negociatas, o que liga a mala a Temer, confirmando telefonemas gravados pela justiça, antes, dando conta de um “semanão” (depois do “mensalão”, pagamento de propinas em parcelas mensais, o pagamento de propinas em parcelas semanais).

Como esta mala estava “sob judice”, a subtração foi feita do Poder judiciário, o que é agravante.
Não havendo investigações do e no Judiciário, para apurar em que circunstâncias e em benefício de quem tal fato se deu, teremos um assumir da corrupção, pelo próprio Judiciário, por omissão, em seu próprio interesse.

Como tudo liga ao beneficiamento do Presidente da República, temos aí o envolvimento do Poder Executivo, em cumplicidade.

Resta o Legislativo, que deveria formar uma Comissão Parlamentar de Inquérito e apurar.
Mas nada disso será feito, repetindo-se nas altas esferas do poder o ordenamento criminoso das periferias urbanas, onde roubos, furtos e homicídios não são investigados, ficando tudo a título de fatalidades, fatos consumados, incontornáveis, o dito pelo não dito na casa do Benedito.

Mais que cúmplices, comparsas, os Três Poderes, pelo menos neste episódio, mostram que estão juntos, formando o que o povo já apelidou de “quadrilhão”, um eufemismo para “governo”, já que a palavra governo tomou conotação chula, nos dias de hoje.

A segunda notícia nos dá conta que duas das muitas malas, contendo cinqüenta e um milhões de reais, entre reais e dólares, no total, encontradas no apartamento do ex Ministro e amigo íntimo de Michel Temer, Gedel Vieira Lima, “sumiram”.

As malas, o dinheiro e o apartamento estão sob a guarda da Polícia Federal, como bens apreendidos e cenário de crime, e que, como tais, têm que ser preservados.

A própria Policial Federal justificou: “foi para melhor acomodar o dinheiro”.

Considero esta declaração mais que um deboche, um insulto até às cabeças menos pensantes.
Primeiro: com que finalidade “melhor acomodaram”, para aumentar o espaço útil no apartamento ou melhorar a estética, a arrumação no imóvel? É atribuição da Polícia Federal a faxina e arrumação de apartamentos de terceiros? Temos policiais faxineiros e copeiros?

Segundo: desenrolando-se as investigações, se houver necessidade de novas perícias ou reconstituição do crime, serão feitos em cena adulterada, modificada?

Terceiro: onde estão as malas de onde foi transferido o dinheiro, para outras malas? Com a Polícia Federal ou “sumiram”? Segundo a própria Polícia Federal, a partir de investigações preliminares, há impressões digitais de Gedel, nas malas. Tendo sumido as malas, caracteriza-se a ocultação de provas de delito, obstrução da justiça.

Quarto: foi feita a recontagem do dinheiro, para que saibamos se por acomodação entenda-se furto, ou não? Até onde os simples mortais brasileiros sabem, tal recontagem não foi feita.
Quinto: tendo sido furto, como todos os indícios levam a crer, foi cometido por policiais, por iniciativa própria, ou atendendo a ordens superiores? Como o caso está tendo repercussões nacionais e internacionais, não acredito que policiais tivessem a ousadia de fazer no apartamento de Gedel o que fazem por aí (e antes que algum policial se sinta ofendido, é só nos lembrarmos do japonês bonzinho, da tropa de choque do juiz bonzinho (tudo com letras minúsculas e sem aspas, revisor)).

Sexto: investigações preliminares apontaram indícios, quase evidências, de que este dinheiro é do PMDB e não só de Gedel, para comprar benefícios para Eduardo Cunha, e mantê-lo calado, e comprar votos, consciências e honra de parlamentares, para que votem a favor da Reforma da Previdência, no Black Friday permanente em que se transformou o Palácio do Planalto. Parte do dinheiro já foi aplicado na sua destinação ou foi só melhor acomodamento mesmo?

Eu deveria terminar as minhas indagações por aqui, mas me permitam mais uma, porque urgente: o advogado Tacla Durán, tem repetido, para a mídia internacional, e confirmou a parlamentares brasileiros que estiveram em Madrid, que há corrupção na corte de Curitiba, que já deu dinheiro à mulher do Juiz Sérgio Fernando Moro, e que foi sondado, para comprar sentença deste Juiz, na Lava Jato, com a intermediação de alguém mandado pelo procurador (com minúscula) Daltan Dalagnol.

Amanhã, Tacla Durán, vindo da Espanha, prestará depoimento na CPI da Câmara dos Deputados, que apura abusos de autoridade, e prometeu não só reiterar as acusações como apresentar provas.

E a pergunta que não quer calar: a Tevê Câmara, sustentada pelo cidadão contribuinte brasileiro, vítima de uma carga de impostos extorsiva, para sustentar tudo isso, cumprirá a sua atribuição de transmitir ao vivo e na íntegra o depoimento de Durán, ou o Deputado Rodrigo Botafogo Maia, por acordo com o Judiciário e o Executivo, impedirá a transmissão, permitindo que a mídia faça montagens e edições do gravado, de maneira a continuar mostrando aos brasileiros, principalmente no Jornal Nacional, que este Quadrilhão é uma extensão do paraíso de Nosso Senhor Jesus Cristo aqui na Terra?

Por Francisco Costa.

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