Tá na internet: Ainda sobre a prova do ENEN.

Saí da prova do Enem sem saber se eu realmente tinha lido os nomes "Jürgen Habermas", "Rawls", "Amartya Sen", ou se o curso de Direito impregnou tanto em mim que eu estava louca.

Eu curso Direito na PUCPR, terceiro ano, leio muito.

Esse ano concorri a duas bolsas de iniciação científica na faculdade, nas quais tive que ler "O desenvolvimento como liberdade", do Amartya Sen, para a bolsa de direito tributário. E também sobre democracia deliberativa, nas obras de Jürgen Habermas e Rawls, para a bolsa de teoria do direito. Eu quase desisti das duas bolsas, por que me sentia incapaz de entender os livros. Abri a prova e, para a minha surpresa, as questões 49 e 56 eram sobre os livros que eu não consegui entender na faculdade. Lembrando que os três são doutrinadores jurídicos, e, nas palavras dos professores, "os mais difíceis de se ler".

Não bastasse isso, a questão 87 versava sobre a interpretação de um texto cujo conteúdo eu vi no 3° período da faculdade de Direito, tribunal  constitucional.

Saí da prova me perguntando: EM QUAL ENSINO MÉDIO O MEC ESTÁ SE PAUTANDO PARA FORMULAR ESSA PROVA?

Se a prova serve para avaliar o ensino médio, por que mais da metade do conteúdo cobrado não está na grade da escola pública? 

Por que em uma prova, onde muitos estudantes precisam depositar seu futuro, é cobrado um conteúdo que nem sequer é visto em sala de aula?

Eu estou na 2° graduação e para mim não foi fácil, não consigo nem imaginar como foi para o estudante de escola pública.

Eu faço a prova apenas por que gosto e não estou concorrendo a nenhuma vaga. Porém, eu acho uma sacanagem com quem precisa de uma vaga, ou está fazendo a prova para tentar conseguir o diploma do Ensino Médio, receber uma prova que cobra informações que eles nunca tiveram, ironicamente, no Ensino Médio.

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