O juiz é o culpado



Já faz alguns anos que vi o filme 12 homens e uma sentença do Diretor Sidney Lumet, que tinha Henry Fonda em seu elenco. Lembro de ter ficado tão impactado com a narrativa que até hoje o enredo não saia da minha cabeça e já serviu muitas vezes de argumento para falar sobre injustiça em um tribunal.

O filme conta a história de 12 homens escolhidos para serem jurados em um processo contra um porto-riquenho que estava sendo acusado de ter matado o próprio pai. Cada um dos presentes tinham as suas próprias necessidades e 11 fazem o máximo de esforço para terminar tudo votando pela condenação do acusado.

Mas um, só um dos jurados suscita dúvidas quanto a história apresentada pelos policiais. E é a partir das desconfianças plantadas que cada um vai mudando a sua percepção da história. Antes, todos buscavam a condenação de um inocento, provada ao final do filme, com os destinos de vida ou morte de uma pessoa, se debruçam, mesmo que a contragosto, em analisar todos os fatos e provas.

Um roteiro que envolve e desnuda os bastidores de um julgamento nos anos 50, mas que poderia estar sendo rodado baseado no submundo da Lava jato nos dias atuais.

Como uma só pessoa, já provado pelos vazamentos feitos pelo Site The Intercept, Folha e Veja, conseguiu manipular a todo um sistema judiciário sem que uma única pessoa conseguisse se levantar internamente para discordar dos métodos que foram empregados para a condenação de pessoas?

Imaginemos que se o empresário Alemão, Oskar Schindler, não tivesse tomado a decisão de salvar Judeus naqueles dias da segunda guerra mundial, quantos mais teriam morridos. E se o judiciário brasileiro não tivesse entregado Olga Benário ao exército nazista, ela não teria sido enviada ao campo de concentração de Lichtenburg e morta. Ou se o negro Martin Luther King Jr não tivesse ido as ruas lutar por igualdade de direitos entre os americanos, tudo teria demorado a acontecer, e a liberdade de ir e vir não teria acontecido tão rapidamente. Na história sempre há aquele que discorda do senso comum e são eles que permaneceram na lembrança de cada um de nós.

A Laja Jato não precisava ser usada para aprisionar ao inimigo político. Ela deveria cumprir o que manda a constituição brasileira. As leis são para todos e não se deve julgar fora dos altos. Foi e é isto que vem acontecendo.

Em sua defesa, os agora acusados, juiz e promotoria de Curitiba, dizem que suas decisões foram confirmadas por instâncias superiores. Verdade! Contaminados os altos, não haveria como ser diferente com uma classe que já demonstrou estar fora da realidade do dia a dia do povo brasileiro, encastelados em seus cargos e funções.

O Brasil espera que, assim como no filme, 12 homens e uma sentença, uma única pessoa do sistema se levante para mostrar os erros cometidos e agora provados pela vaza jato. Porque a contaminação na primeira instância, passando por tribunais e chegando ao Supremo Tribunal Federal é uma vergonha para a justiça brasileira.

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