NOTA DO INTERCEPT:
O Intercept condena veementemente as declarações que o
presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, fez sobre o jornalista e editor
cofundador do Intercept, Glenn Greenwald. Jair Bolsonaro chamou Glenn Greenwald
de “malandro” por ter casado com um brasileiro e adotado crianças no Brasil, o
que dificultaria a sua deportação do país. A acusação seria ridícula se não
fosse perigosa: o casamento de Glenn Greenwald ocorreu há quatorze anos, antes
dele e da equipe do Intercept Brasil terem começado a publicar uma série de
reportagens baseadas em um arquivo de conversas secretas revelando a má conduta
de certos membros da força-tarefa Lava Jato.
Bolsonaro também disse que Greenwald “talvez pegue uma cana
aqui no Brasil", uma expressão coloquial que soa como uma ameaça. Glenn
Greenwald e os repórteres do Intercept Brasil conduziram seu jornalismo com a
máxima integridade, sempre pensando no interesse público, e por isso, gozam de
total proteção da Constituição brasileira. O Intercept apoia e reafirma o
direito de Glenn Greenwald, e de todos os jornalistas do Intercept Brasil, de
fazer jornalismo sem qualquer intimidação oficial, muito menos deportação ou
prisão.
Somos gratos pela solidariedade dos defensores da liberdade
de imprensa em todo o mundo, já que as instituições democráticas brasileiras
enfrentam esse profundo teste sob o atual
governo, comandado por um autoritário que não vê nada de errado em
ameaçar um jornalista simplesmente por exercer a sua profissão.
Experiências autoritárias em diversas partes do mundo
demonstram que, mais do que nunca, é hora de fortalecer o jornalismo
independente, que não se ajoelha diante de governantes ou de corporações. É isso
que o Intercept e o Intercept Brasil fazem. Nós não temos medo de enfrentar
quem quer que seja porque é a democracia que está em jogo. Se você acha que
essa luta é importante faça também sua parte.
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