Porta-aviões à solta e a farsa do “narcoterrorismo” na América Latina

Autoridades militares dos Estados Unidos apresentaram ao presidente Donald Trump novas opções de ataque contra a Venezuela, incluindo operações terrestres, em reunião na Casa Branca, o anúncio coincidiu com a chegada do porta-aviões USS Gerald R. Ford à área de operações latino-americana, elevando a pressão sobre Caracas sob a justificativa do “combate ao narcotráfico”. Em paralelo, o governo lançou a operação Southern Spear, ampliando o emprego de meios navais e fuzileiros na região.

A iniciativa, conduzida pelo Comando Sul, foi apresentada como missão para “eliminar narcoterroristas” e proteger o território americano, mas veio sem objetivos claros, fronteiras operacionais definidas ou transparência sobre países-alvo, alimentando temor de uma escalada com viés político contra a Venezuela e vizinhos caribenhos. O emprego de quase uma dúzia de navios de guerra na narrativa antidrogas reforça o caráter de poder de projeção regional.

A ofensiva não começou agora. Em outubro, os EUA realizaram o primeiro ataque no Pacífico dentro da campanha antinarcóticos, com mortes registradas, após sete bombardeios no Caribe, autoridades da Colômbia e da Venezuela reagiram publicamente, denunciando violação de soberania e risco de desestabilização hemisférica. O pacote militar atual, porta-aviões, fragatas e marines, sinaliza uma operação de longo tempo, com impacto geopolítico além da retórica de “narcoterrorismo”.

Vozes críticas na América Latina já tratam a estratégia como intervenção disfarçada e em discurso recente, Lula condenou “intervenções ilegais” e alertou que democracias não combatem o crime violando o direito internacional, recado direto ao recrudescimento militar no Caribe e Pacífico sob Trump. À luz dos fatos, cresce a leitura de que o pretexto antidrogas mascara objetivos geopolíticos e econômicos, reacendendo um ciclo de coerção armado na região.

Os Estados Unidos podem ser definidos como os novos piratas modernos porque utilizam seu poderio militar para saquear riquezas sob justificativas frágeis, repetindo práticas coloniais em pleno século XXI. O governo Trump alega o combate ao narcotráfico, mas segundo reportagem do G1 (08/11/2025), o verdadeiro objetivo seria pressionar e enfraquecer o governo da Venezuela, país rico em petróleo. Em pouco mais de um mês, os EUA atacaram 18 embarcações na região, deixando ao menos 70 mortos, conforme dados divulgados pela imprensa internacional. Essa ofensiva, apresentada como “guerra contra narcoterroristas”, repete o padrão visto no Iraque, na Líbia e na Síria com invasões travestidas de defesa da democracia, mas que resultaram em pilhagem de recursos naturais e desestabilização política. O termo “piratas” não é apenas metáfora, mas descrição de uma prática sistemática de apropriação violenta de riquezas alheias, agora com porta-aviões em vez de navios corsários.

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