MST protesta contra desmonte da Reforma Agrária em Porto Alegre Mobilização acontece neste momento na sede da superintendência regional do Incra



Cerca de 600 trabalhadores ligados ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) realizam um protesto desde às 7 horas desta terça-feira (16) na 11ª superintendência regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), localizada em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. O objetivo da ação, que não prejudicará o trabalho dos servidores e o atendimento ao público, é denunciar a paralisia da política nacional de Reforma Agrária e reivindicar assentamento às famílias acampadas.

A mobilização, que reúne camponeses de acampamentos e assentamentos de todas as regiões do estado, ocorre em alusão ao 17 de abril, Dia Nacional de Luta pela Reforma Agrária (Lei 10.469, de 25 de junho de 2002) e Dia Internacional de Lutas Camponesas. A data denuncia país afora a impunidade do Massacre de Eldorado dos Carajás, que assassinou 21 trabalhadores Sem Terra em 17 de abril de 1996 no Pará. Durante esta semana, diversas ações serão realizadas em todo o país, através da Jornada Nacional de Luta pela Reforma Agrária, em memória às vítimas.

Conforme o MST, o protesto no Incra foi motivado pela decisão do governo Bolsonaro de paralisar totalmente a Reforma Agrária e de desmontar iniciativas que contribuem para o desenvolvimento social, produtivo e econômico dos assentamentos, como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e a assistência técnica. Além disso, as famílias assentadas denunciam a falta de infraestrutura, o que dificulta o acesso a estradas e água potável. O Movimento também se mobiliza pelo assentamento imediato de todas as famílias acampadas – no RS há cerca de 2 mil cadastradas no Incra, já no Brasil 150 mil ainda aguardam para serem assentadas.

Marcha e aula pública

Ainda nesta terça-feira, a partir das 13 horas, os integrantes do MST, junto a indígenas, farão uma marcha pelas ruas centrais de Porto Alegre em defesa de seus territórios. Eles vão denunciar a paralisia da Reforma Agrária e o avanço da mineração no estado, além de protestar contra a Reforma da Previdência de Bolsonaro.

O intuito também é dialogar com a população sobre a importância da Reforma Agrária e o seu papel na produção de alimentos saudáveis – hoje o MST é o maior produtor de arroz orgânico da América Latina, segundo o Instituto Riograndense de Arroz (Irga), e um dos maiores produtores de alimentos livres de agrotóxicos no país.

A marcha sairá do Incra em direção à Praça da Matriz, onde terá uma aula pública, às 14 horas, sobre a defesa dos territórios e os impactos da mineração no estado. A atividade será com o professor Paulo Brack, da Universidade Federal do RS (UFRGS). A compreensão do MST é que essa atividade, além de expulsar os camponeses de seus territórios, traz inúmeros malefícios à saúde das pessoas e ao meio ambiente. No estado, conforme o Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM), há 166 projetos de mineração, sendo que os principais estão localizados em Lavras do Sul, São José do Norte, Eldorado do Sul e Caçapava do Sul.

Nenhum comentário: