Vistos cancelados reacendem polêmica, mas governo reforça avanços do Mais Médicos

A decisão do governo dos Estados Unidos de cancelar os vistos de dois ex-coordenadores do Mais Médicos voltou a colocar o programa no centro de uma disputa diplomática. A medida, anunciada como resposta a supostas irregularidades ocorridas entre 2013 e 2018, foi recebida por Brasília como uma acusação unilateral que não reflete a realidade atual da política de provimento médico no país.

O Ministério da Saúde reagiu com números e enfatizou mudanças estruturais. Desde 2023, o programa passou a priorizar médicos brasileiros com CRM ativo, seguido de brasileiros formados no exterior e, por último, estrangeiros para vagas remanescentes. Hoje, são 26.414 médicos em atividade, dos quais apenas 10% são cubanos. A atuação se espalha por 4,7 mil municípios e 26 Distritos Sanitários Especiais Indígenas, cobrindo territórios que historicamente ficaram sem atendimento.

No Nordeste, especialmente na Bahia, Sergipe, Alagoas e Pernambuco, 643 médicos cubanos somam-se a milhares de brasileiros para garantir o funcionamento da rede de atenção básica. O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, defendeu o programa em evento no Recife: “O Mais Médicos salva vidas e é aprovado por quem mais importa: o povo brasileiro. Saúde e soberania não se negociam”.

Para o governo, o redesenho da iniciativa fortalece a capacidade nacional, reduz dependências externas e mantém a cobertura onde o mercado não chega por conta própria. Na prática, significa estabilidade para comunidades vulneráveis, independentemente de tensões diplomáticas. Ao manter editais abertos e ampliar equipes multiprofissionais, Brasília envia um recado duplo: a política de saúde é prioridade de Estado e o atendimento básico não será refém de disputas geopolíticas.

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