Com a regulação das redes, o que muda para páginas políticas

A contagem regressiva para a aprovação da nova lei de regulação das redes sociais começou. No Congresso, o texto avança com apoio do governo e de parte da oposição, prometendo transformar o terreno digital onde políticos, partidos e movimentos atuam. Páginas políticas, das grandes estruturas de campanha aos pequenos coletivos, precisarão rever estratégia, linguagem e até o ritmo de publicação.

O projeto cria três eixos centrais de impacto: transparência, responsabilização e alcance. No primeiro, será obrigatório informar quem financia anúncios ou conteúdos impulsionados, com identificação clara do pagador. No segundo, administradores responderão legalmente por publicações que contenham desinformação deliberada ou incitação à violência, mesmo que veiculadas por terceiros. No terceiro, plataformas terão autonomia para reduzir alcance de conteúdos classificados como enganosos, sem ordem judicial prévia, algo que muda a lógica de crescimento rápido baseada em polêmica.

Especialistas ouvidos pela reportagem alertam para o efeito imediato nas eleições municipais e estaduais: menos espaço para perfis anônimos de ataque e mais exigência de documentação para criação e impulsionamento de páginas. “O que antes era jogo de guerrilha digital vai precisar ser operação profissionalizada e com compliance jurídico”, afirma a consultora em comunicação política Mariana Farias.

No Nordeste, onde redes sociais são vitrine de líderes comunitários e trampolim para novatos, a mudança deve separar quem investe em conteúdo orgânico de qualidade de quem aposta em campanhas relâmpago e sem identificação. Pequenos candidatos tendem a migrar para formatos mais seguros, como transmissões ao vivo e prestação de contas documentada, enquanto grandes estruturas reforçam equipes jurídicas e de verificação.

Ao fim, a pergunta que ecoa nos bastidores não é se haverá impacto, mas quem conseguirá manter relevância quando a métrica deixar de ser apenas curtida e compartilhamento, e passar a ser também transparência e responsabilidade.

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