O autor da ação, que perdeu as últimas eleições, não quer a cassação da chapa para não derrubar o governo do qual o seu partido faz parte. A titular da chapa não quer perder os direitos políticos e o vice-titular não quer perder o mandato. Os únicos que torcem pela cassação são o povo e o mercado, um ameaçado por reformas anti-populares e o outro implorando por estabilidade para aprovar as reformas anti-populares. O ministro relator da ação, favorável à cassação, usa em seu voto os argumentos do presidente do tribunal, que é contra a cassação. Os juristas que não acham legítimo alguns juízes terem o poder de derrubar um governo eleito são os mesmos que não veem legitimidade no presidente por este ter conspirado pela queda de sua precessora para instalar um programa de governo radicalmente oposto ao eleito. Se todos os pedidos da ação forem indeferidos, fica no poder um presidente com 3% de aprovação e que foi flagrado consentindo com suborno e obstrução de justiça. Se todos os pedidos forem deferidos, é empossado na presidência o autor da ação (sim, é um dos pedidos), que foi afastado do mandato de senador por corrupção e que apresentou 0% de intenção de voto na última pesquisa. Na melhor das hipóteses, são convocadas eleições indiretas, do que discordam 90% dos brasileiros. E tudo isso por conta de uma ação que teve como objetivo inicial, nas palavras do autor, "encher o saco"
Por Bruno Catini.
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