Existe uma parcela considerável da direita brasileira que é tão estúpida, mas tão estúpida, que ela promove e celebra as esquerdas sem nem ao menos perceber o que está fazendo.
Como isso é feito? Bem simples.
Alguém critica o machismo. Você chama a pessoa de esquerdista.
Alguém critica a desigualdade social. Você chama a pessoa de esquerdista.
Alguém critica a violência policial e a repressão contra manifestantes. Você chama a pessoa de esquerdista.
Alguém critica uma desocupação feita à noite, com bombas de gás, contra idosos e crianças pobres. Você chama a pessoa de esquerdista.
Alguém reclama da falta de investimentos no ensino público. Você chama a pessoa de esquerdista.
Alguém alerta para os perigos dos discursos de ódio. Você chama a pessoa de esquerdista.
Alguém manifesta sua preocupação com a pobreza, com os sem-teto, com crianças carentes e com os excluídos pela lógica do mercado. Você chama a pessoa de esquerdista.
Alguém fala em compaixão, sensibilidade social e dignidade da pessoa humana. Você chama a pessoa de esquerdista.
Alguém clama pelo fim dos preconceitos raciais, de gênero ou de orientação sexual. Você chama a pessoa de esquerdista.
Alguém fala em combater privilégios das elites por meio de um sistema tributário mais justo. Você chama a pessoa de esquerdista.
Alguém diz que as mulheres não devem ser objetificadas e que é preciso acabar com a cultura do estupro. Você chama a pessoa de esquerdista.
Se isso não é canonizar e santificar as esquerdas, não sei o que seja. Todo sentimento bom e nobre, toda aspiração civilizada e toda a aspiração idealista por justiça é gratuitamente dada de presente à esquerda, como se fossem marcas registradas e exclusividades desta.
A esquerda não é santa nem imaculada, assim como não o é nenhuma coletividade ou instituição humana. O problema é que, no Brasil, a direita faz absoluta questão de deter o monopólio da ruindade - e se orgulha disso!
Por Henrique Abel.
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