É com prazer que estou aqui de
novo para um bate papo, principalmente em um momento tão conturbado para o
Brasil e para os brasileiros. Mas, infelizmente hoje, tenho que dá a mão à
palmatória e admitir que de fato somos o país da piada pronta. Piadas na
maioria das vezes cômicas. Entretanto e lamentavelmente, quase sempre trágicas.
Entre notícias sobre um Impeachment de um presidente ilegítimo e semi-deposto,
de um senador mineiro, mais atolado em corrupção do que farinha de mandioca num
prato de tutu. Eis que, alguns veículos estamparam esta semana uma manchete no mínimo
surreal. Pra não dizer escandalosa mesmo nesse cenário Dantesco em que se
transformou o país tupiniquim.
Pois acreditem, senhoras e
senhores, os restos mortais de Manoel Francisco dos Santos, falecido em 1983,
aos 49 anos, simplesmente sumiram, desapareceram, evaporaram sem deixar rastros.
Ah sim, entendo! Você não nenhuma ideia de quem é, o que fez e o que representa
o Seu Manoel Francisco dos Santos para o povo brasileiro. E vai ficar ainda
mais atordoado ao sabe o que consta no atestado de óbito do tal Manoel. “Falência
múltipla dos órgãos em decorrência de alcoolismo”. É, acontece nas melhores famílias.
Pois saibam os senhores que o quase anônimo Manoel, conhecido mundialmente como
Mané, já foi chamado de Alegria do Povo e também de Anjo das Pernas Tortas.
Entretanto, o apelido que o identifica de imediato e dá a dimensão da sua
importância é Garrincha. Nome de um pássaro comum pelas bandas de Pau Grande,
município Carioca da região de Magé, que presenteou o mundo com o maior camisa
sete de todos os tempos. Mas, voltando a vaca fria, é isso mesmo que os
senhores leram. Ninguém sabe onde estão os restos mortais de Mané Garrincha. Um
herói nacional com cara, corpo e espirito de Macunaíma e que fez do futebol
motivo de orgulho e glória para um país fadado a conviver com o pessimismo, com
a corrupção e com os falsos profetas.
Os ossos de Garrincha, bicampeão
mundial, ídolo maior e eterno do glorioso Botafogo, estão em endereço
desconhecido dos fãs, amigos e até familiares. O que deixa claro que jamais
Garrinha teve um tumulo descente, um mausoléu, ou mesmo um memorial que guardasse
para sempre seus feitos, suas conquistas e sua simplicidade. Esse artista da
bola merecia um descanso digno, não só por ter honrada a camisa e a bandeira do
seu país, mas por representar com arte e talento o melhor desportista
brasileiro. E cá entre nós, não se trata de espirito de Vira Latas, mas precisamos
admitir que se Garrincha fosse europeu, americano, asiático ou tivesse nascido
em qualquer país Latino-americano que preserve e se orgulhe de sua cultura e
sua história, ele teria estatua, museu com painéis interativos e seu tumulo
seria local de visitação frequente. Não duvide, em dezenas de países, a catacumba
de Garrinha seria ponto de visitação turística. Mas no Brasil, se quer sabemos
para onde foram levados. Ou teriam sido furtados os ossos daquele que para
muitos foi ainda melhor que Pelé?
Isso também é culpa de nossa
memória, que se ocupa em lembrar do par romântico da novela das oito, aquela
que fez sucesso nos anos 90 do século passado, mas que se esquece com enorme
facilidade, para não dizer desleixo de um verdadeiro mito mundial, adorado e
venerado pelos amantes da bola em todo o planeta terra. Mas não! O que nos
interessa é saber como vão e como vivem os participantes de um Reality show
mais escabroso, pornográfico e desrespeitoso que uma TV pode oferecer. Não atoa
e frequentemente, elegemos ladrões contumazes simplesmente porque, olha a memória
franca de novo, esquecemos de seus escândalos, justo ali, no mandato passado.
Acho, no fundo, no fundo, que
nós, povo brasileiro, por desrespeito aos nossos antepassados, a nossa cultura
e aos nossos ídolos, devemos ter também impeachment, devemos ser impeachmado e
ter nosso sonhos e felicidades cassados para sempre, para assim, quem sabe,
aprendermos a valorizar o que tem valor de fato e de direito. E não esqueça.
Use a cabeça, porque essa gradada no pescoço, é impossível de esquecer.
Por Oscar Paris – colunista do
Programa Balaio.
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