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O Cangaço está na moda

Em 2023, a Prime Vídeo lançou a série Cangaço Novo, que apresentou, como o próprio título sugere, uma nova expressão da violência praticada por grupos organizados em busca de riqueza por meio da força bruta. Naquele ano, para mim, foi a melhor produção brasileira no campo da arte cinematográfica, nesse caso, adaptada ao streaming, formato já popularizado pela internet.

Enquanto o tema ganhava espaço em livros, produtoras trabalhavam simultaneamente em novas narrativas para as telas. Em 2025, duas delas foram lançadas: Maria e o Cangaço, pela Disney+, e Guerreiros do Sol, da Globoplay, cada qual trazendo a visão singular de seus autores e diretores.

Alguns críticos apontam exageros nas tramas paralelas à história de Maria Bonita. Há espaço para tudo: relações homoafetivas masculinas e femininas surgem com destaque, em representações inéditas nas telonas e ainda pouco exploradas em registros literários. Acredito que esses elementos foram incorporados propositalmente para apimentar as narrativas e gerar burburinho, despertando atenção para os produtos culturais.

Maria e o Cangaço

Quando surgiram as primeiras notícias sobre uma minissérie focada na vida de Maria Gomes de Oliveira — a icônica Maria Bonita, a cangaceira mais famosa da história —, confesso que fiquei apreensivo. Principalmente ao descobrir que Isis Valverde, uma atriz de pele branca, mineira e sotaque carioca (daqueles que "chiam" como panela de pressão diante de um "s" e "i" seguidos), interpretaria a protagonista. Não me culpe: no Nordeste, terra de tantas artistas com a tonalidade de pele e o sotaque autêntico de Maria, escolher alguém tão distante desse universo parecia, no mínimo, um tiro no pé. 

Nascido e criado em Paulo Afonso, Bahia — cidade onde Maria Bonita veio ao mundo, no sertão que beira o Raso da Catarina, região inóspita onde o bando de Lampião sobreviveu às perseguições da volante —, cheguei à minissérie com os dois pés atrás. Pronto para criticar cada detalhe mal representado. 

Baile Perfumado: Evento cultural recria atmosfera da época em cenário autêntico

Em meio à rusticidade do sertão nordestino, os cangaceiros promoviam os chamados Bailes Perfumados, festas que misturavam ostentação e rebeldia. Realizados em esconderijos ou povoados sob seu domínio, esses eventos eram marcados por música animada ao som de sanfonas, vestes elegantes — muitas vezes adquiridas em saques a fazendas e trens — e o uso generoso de perfumes importados, um contraste deliberado com a imagem brutal associada ao cangaço. Lampião, o mais famoso líder cangaceiro, e sua companheira Maria Bonita frequentavam esses bailes, onde a hierarquia do grupo se mantinha mesmo na diversão: os cabras armados faziam a segurança, enquanto as "cangaceiras" dançavam com trajes bordados e joias roubadas. Mais do que um momento de lazer, os bailes eram um ato de desafio, simbolizando o poder paralelo dos cangaceiros e sua capacidade de transformar o sertão árido em palco de efêmero esplendor. A tradição, hoje revisitada em evento cultural, revela um lado menos conhecido do cangaço — onde violência e glamour coexistiam sob o manto da resistência sertaneja. 

Em um desses cenários rústicos que aconteceu no sábado (29) o Baile Perfumado onde antes foi realizado com a presença de Lampião e Maria Bonita. Os organizadores aproveitaram as edificações originais das casas e as iluminaram de forma estratégica, dando um toque especial ao local.

Maria Bonita, a rainha do Cangaço

Um pouco da história de uma das figuras mais emblemáticas da história do cangaço no Nordeste brasileiro. Maria Gomes de Oliveira, amplamente conhecida como Maria Déa e, sobretudo, como Maria Bonita – a primeira mulher a integrar o cangaço e que se tornou a Rainha deste movimento icônico.

Você sabia que ela só ficou mesmo conhecida como Maria Bonita após a sua morte? Isso mesmo, foram os jornais do Sudeste que lhe deram esse apelido.

Maria Bonita nasceu no dia 8 de março de 1911, no Povoado Malhada da Caiçara, localizada no atual município de Paulo Afonso, estado da Bahia. Filha de José Gomes de Oliveira e Dona Déa Ferreira, sua vida começou no coração do sertão, região marcada por desigualdades, aridez e, ao mesmo tempo, pela força e resiliência de seu povo.

Crônica de Maria, a Bonita

Eu sou das terras do Nordeste, sou do canto onde nasceu Maria Gomes de Oliveira, Paulo Afonso no Sertão da Bahia, mulher formosa arretada que chamava a atenção de quem a conhecia. Ela foi casada com José Miguel da Silva, sapateiro das bandas de Santa Brígida.

Pois agora eu vou contar que Maria de Déa era a mesma que ficou conhecida como Maria Bonita. Corajosa, foi ela a primeira mulher a entrar no Cangaço, após Virgulino Ferreira, o Lampíão se enrabichar por tão formosa flor.

Bateu perna com seu novo marido, temido pelas bandas de cá. Andou pelo raso da Catarina de “parabelo” na mão. Enfrentando a volante, cuspindo fogo nos que se metessem em seu caminho.

Percorrendo os sertões, sob o sol escaldante, Maria Bonita e Lampião, num romance constante, no Cangaço, juntos, enfrentavam os desafiantes, mas no coração, ansiavam por algo mais importante, era o amor que brotava a cada instante.

Maria de Déa conquistou o coração do capitão



A história de Maria Gomes de Oliveira foi igual à de tantas outras nordestinas. Nascida no Povoado Malhada da Caiçara, zona rural do município de Paulo Afonso na Bahia e que fica a 38 km do centro da cidade, ele se casou com o sapateiro Zé de Neném. Os dois costumavam ir à feira todas as segundas-feiras na cidade vizinha de Santa Brígida.

Mulher vistosa chamava no inicio do século XIX a atenção por onde passava. Era uma matuta arrumada. Tanto que quando Virgulino Ferreira, o Lampião, passando a conheceu se apaixonou por ela e a convidou para o acompanhar em sua peregrinação pelo sertão com seu bando de Cangaceiros. Ela aceitou, deixando o marido e familiares para trás.

Maria foi uma mulher independente, mesmo casada saia e ia aos forrós nas fazendas da região onde dançava durante a noite toda se divertindo. Dizem que meteu uns pá de chifres em Zé de Nenén, o que levou o marido algumas vezes a surrar ela.

Deam lança campanha Maria Bonita no Natal e aceita doações



A Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam) de Periperi lançou, nesta quarta-feira (20), a campanha 'Maria Bonita no Natal', com o objetivo de recolher doações para mulheres carentes e vítimas de violência de gênero atendidas pela unidade. A iniciativa segue por tempo indeterminado.