Enquanto o tema ganhava espaço em livros, produtoras
trabalhavam simultaneamente em novas narrativas para as telas. Em 2025, duas
delas foram lançadas: Maria e o Cangaço, pela Disney+, e Guerreiros do Sol, da
Globoplay, cada qual trazendo a visão singular de seus autores e diretores.
O Cangaço está na moda
Maria e o Cangaço
Baile Perfumado: Evento cultural recria atmosfera da época em cenário autêntico
Maria Bonita, a rainha do Cangaço
Um pouco da história de uma das figuras mais emblemáticas da história do cangaço no Nordeste brasileiro. Maria Gomes de Oliveira, amplamente conhecida como Maria Déa e, sobretudo, como Maria Bonita – a primeira mulher a integrar o cangaço e que se tornou a Rainha deste movimento icônico.
Você sabia que ela só ficou
mesmo conhecida como Maria Bonita após a sua morte? Isso mesmo, foram os
jornais do Sudeste que lhe deram esse apelido.
Maria Bonita nasceu no dia 8 de março de 1911, no Povoado Malhada da Caiçara, localizada no atual município de Paulo Afonso, estado da Bahia. Filha de José Gomes de Oliveira e Dona Déa Ferreira, sua vida começou no coração do sertão, região marcada por desigualdades, aridez e, ao mesmo tempo, pela força e resiliência de seu povo.
Crônica de Maria, a Bonita
Eu sou das terras do Nordeste, sou do canto onde nasceu Maria Gomes de Oliveira, Paulo Afonso no Sertão da Bahia, mulher formosa arretada que chamava a atenção de quem a conhecia. Ela foi casada com José Miguel da Silva, sapateiro das bandas de Santa Brígida.
Pois agora eu vou contar que
Maria de Déa era a mesma que ficou conhecida como Maria Bonita. Corajosa, foi
ela a primeira mulher a entrar no Cangaço, após Virgulino Ferreira, o Lampíão
se enrabichar por tão formosa flor.
Bateu perna com seu novo
marido, temido pelas bandas de cá. Andou pelo raso da Catarina de “parabelo” na
mão. Enfrentando a volante, cuspindo fogo nos que se metessem em seu caminho.
Percorrendo os sertões, sob o sol escaldante, Maria Bonita e Lampião, num romance constante, no Cangaço, juntos, enfrentavam os desafiantes, mas no coração, ansiavam por algo mais importante, era o amor que brotava a cada instante.
Maria de Déa conquistou o coração do capitão
A história de Maria Gomes de
Oliveira foi igual à de tantas outras nordestinas. Nascida no Povoado Malhada
da Caiçara, zona rural do município de Paulo Afonso na Bahia e que fica a 38 km
do centro da cidade, ele se casou com o sapateiro Zé de Neném. Os dois
costumavam ir à feira todas as segundas-feiras na cidade vizinha de Santa
Brígida.
Mulher vistosa chamava no
inicio do século XIX a atenção por onde passava. Era uma matuta arrumada. Tanto
que quando Virgulino Ferreira, o Lampião, passando a conheceu se apaixonou por
ela e a convidou para o acompanhar em sua peregrinação pelo sertão com seu
bando de Cangaceiros. Ela aceitou, deixando o marido e familiares para trás.
Maria foi uma mulher independente, mesmo casada saia e ia aos forrós nas fazendas da região onde dançava durante a noite toda se divertindo. Dizem que meteu uns pá de chifres em Zé de Nenén, o que levou o marido algumas vezes a surrar ela.