Baile Perfumado: Evento cultural recria atmosfera da época em cenário autêntico

Em meio à rusticidade do sertão nordestino, os cangaceiros promoviam os chamados Bailes Perfumados, festas que misturavam ostentação e rebeldia. Realizados em esconderijos ou povoados sob seu domínio, esses eventos eram marcados por música animada ao som de sanfonas, vestes elegantes — muitas vezes adquiridas em saques a fazendas e trens — e o uso generoso de perfumes importados, um contraste deliberado com a imagem brutal associada ao cangaço. Lampião, o mais famoso líder cangaceiro, e sua companheira Maria Bonita frequentavam esses bailes, onde a hierarquia do grupo se mantinha mesmo na diversão: os cabras armados faziam a segurança, enquanto as "cangaceiras" dançavam com trajes bordados e joias roubadas. Mais do que um momento de lazer, os bailes eram um ato de desafio, simbolizando o poder paralelo dos cangaceiros e sua capacidade de transformar o sertão árido em palco de efêmero esplendor. A tradição, hoje revisitada em evento cultural, revela um lado menos conhecido do cangaço — onde violência e glamour coexistiam sob o manto da resistência sertaneja. 

Em um desses cenários rústicos que aconteceu no sábado (29) o Baile Perfumado onde antes foi realizado com a presença de Lampião e Maria Bonita. Os organizadores aproveitaram as edificações originais das casas e as iluminaram de forma estratégica, dando um toque especial ao local.

O evento realizado pela Secretaria de Cultura do município de Paulo Afonso na Bahia tem tudo para se tornar mais um atrativo cultural da região. Com uma estrutura que recebeu um público significativo e diversificado, composto por entusiastas da cultura regional e curiosos. 

Entre os presentes, estavam representantes do grupo de historiadores Cariri Cangaço, responsáveis pelas apresentações que recriavam o universo dos cangaceiros. Também circulavam pelo local figuras conhecidas, como o vereador Beto Doido, o vice prefeito, Pedro Macário.

Vendedores ambulantes locais marcaram presença, vendendo cervejas artesanais, comidas típicas como buchada, galinha com xerém e outras iguarias da região. A estrutura montada foi muito bem aproveitada, integrando-se perfeitamente às construções já existentes. 

O evento não apenas recriou o clima do cangaço, mas também reacendeu o interesse por esse período histórico, muitas vezes negligenciado. A iniciativa é um passo importante para preservar e valorizar a memória cultural da região.  A atmosfera era tão envolvente que apenas os vídeos compartilhados nas redes sociais conseguem capturar sua essência. Foi, sem dúvida, uma experiência marcante — um resgate histórico feito com autenticidade e paixão.

Dentre os organizadores presentes, destacaram-se Koca Tavares, secretário de cultura, Flavio Roque, superintendente de cultura, Além de toda a equipe da secretaria empenhada em fazer do evento um marco histórico que precisa ser preservado e acontecer anualmente. Eles garantiram o sucesso da programação que começou no inicio da semana com exposições, venda de artesanatos e palestras com o tema: Cangaço.