Enquanto o tema ganhava espaço em livros, produtoras
trabalhavam simultaneamente em novas narrativas para as telas. Em 2025, duas
delas foram lançadas: Maria e o Cangaço, pela Disney+, e Guerreiros do Sol, da
Globoplay, cada qual trazendo a visão singular de seus autores e diretores.
O Cangaço está na moda
Maria e o Cangaço
Baile Perfumado: Evento cultural recria atmosfera da época em cenário autêntico
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Crônica de Maria, a Bonita
Eu sou das terras do Nordeste, sou do canto onde nasceu Maria Gomes de Oliveira, Paulo Afonso no Sertão da Bahia, mulher formosa arretada que chamava a atenção de quem a conhecia. Ela foi casada com José Miguel da Silva, sapateiro das bandas de Santa Brígida.
Pois agora eu vou contar que
Maria de Déa era a mesma que ficou conhecida como Maria Bonita. Corajosa, foi
ela a primeira mulher a entrar no Cangaço, após Virgulino Ferreira, o Lampíão
se enrabichar por tão formosa flor.
Bateu perna com seu novo
marido, temido pelas bandas de cá. Andou pelo raso da Catarina de “parabelo” na
mão. Enfrentando a volante, cuspindo fogo nos que se metessem em seu caminho.
Percorrendo os sertões, sob o sol escaldante, Maria Bonita e Lampião, num romance constante, no Cangaço, juntos, enfrentavam os desafiantes, mas no coração, ansiavam por algo mais importante, era o amor que brotava a cada instante.
Maria de Déa conquistou o coração do capitão
A história de Maria Gomes de
Oliveira foi igual à de tantas outras nordestinas. Nascida no Povoado Malhada
da Caiçara, zona rural do município de Paulo Afonso na Bahia e que fica a 38 km
do centro da cidade, ele se casou com o sapateiro Zé de Neném. Os dois
costumavam ir à feira todas as segundas-feiras na cidade vizinha de Santa
Brígida.
Mulher vistosa chamava no
inicio do século XIX a atenção por onde passava. Era uma matuta arrumada. Tanto
que quando Virgulino Ferreira, o Lampião, passando a conheceu se apaixonou por
ela e a convidou para o acompanhar em sua peregrinação pelo sertão com seu
bando de Cangaceiros. Ela aceitou, deixando o marido e familiares para trás.
Maria foi uma mulher independente, mesmo casada saia e ia aos forrós nas fazendas da região onde dançava durante a noite toda se divertindo. Dizem que meteu uns pá de chifres em Zé de Nenén, o que levou o marido algumas vezes a surrar ela.