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Foto: Nilson Teles |
No início dos anos 1990, o Carnaval baiano se reinventava
novamente. Ricardo Chaves surgia como destaque, trazendo novos ritmos e
tornando-se uma sensação nacional. A banda Timbalada, com os talentosos Xexéu,
Ninha e Patrícia, conquistou o público com suas inovações visuais e percussivas
– os corpos pintados e as batidas hipnotizantes ecoaram mundo afora. Por sua
vez, o Olodum revolucionava a música afro-brasileira, encantando artistas como
Paul Simon e Michael Jackson, que gravaram ao lado do grupo em Salvador.
No entanto, ao observar os circuitos tradicionais, como
Barra-Ondina e Campo Grande, percebe-se uma preocupante estagnação. Artistas
renomados continuam a apresentar sucessos consagrados, mas raramente arriscam
algo novo. São performances que, por mais brilhantes que tenham sido no
passado, já não possuem o impacto inovador de outrora. Enquanto isso, uma das
poucas bandas que propõem renovação, a BaianaSystem, parece enfrentar
dificuldades para conquistar espaço nos canais de mídia durante o Carnaval. Coincidência
ou não, suas apresentações frequentemente sofrem cortes na transmissão para dar
lugar a artistas mais tradicionais.
Isso nos leva a uma reflexão crítica sobre o futuro do
Carnaval de Salvador. É possível honrar a tradição sem abrir mão da inovação? A
resposta é sim. O Carnaval precisa abraçar a diversidade de ritmos e artistas,
equilibrando as estrelas consagradas com novos talentos que anseiam por espaço.
Existe uma riqueza criativa nos compositores da Bahia que ainda não foi
plenamente explorada.
Ao longo de sua história, o Carnaval de Salvador sempre se
destacou por sua capacidade de transformação e reinvenção. Para que continue a
ser relevante e encantador, é essencial que essa tradição de mudança persista.
O público, seja no circuito ou nas telas, merece vivenciar a explosão de cores,
sons e criatividade que fez do Carnaval da Bahia uma referência cultural
mundial.
Que este espírito renovador sirva de norte para os próximos
40 anos – porque envelhecer bem é, antes de tudo, abraçar o novo sem perder o
brilho do passado.
Por: Dimas Roque.
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