Chorei ao saber que, ontem, ele perguntou por mim.
Chorei.
Na verdade, eu é que me pergunto como um ser humano que tem
a cabeça deitada sob o machado fascista, imoral e ilegal do acordão nacional,
pode se lembrar e perguntar pelas pessoas que estiveram, estão e estarão,
sempre, ao seu lado.
Como ele pode, nesse momento, ainda se lembrar delas?
Manifestar esse enorme carinho e ainda consolar a todxs que
estão à sua volta.
Daí eu paro, penso e me lembro:
- ‘Mas é o Lula’.
Sim, esse é o Lula, Ana.
O cara que é amado por cada brasileiro que já passou fome,
que batalhou para entrar numa universidade ou por aquele que luta para ter os
seus direitos garantidos e expandidos neste país.
Obrigada Luís Inácio, por nos mostrar como é que se faz.
Por nos ensinar como se ama.
Quis o destino que eu estivesse em Curitiba ontem, hoje e
amanhã para fazer shows - e não ao seu lado nesse momento, cantando,
especialmente agora, para Dona Marisa.
Mas estou em espírito, coração, alma e vida.
Estou lá.
Estou aí.
Cantando qualquer canção que o senhor me pedisse.
Talvez a favorita dela.
Talvez a canção de vocês.
Fico devendo essa.
E sigo aqui, na república de Curitiba, sentinela e atenta,
urubuservando - como dizia Science, a geral.
Ontem, durante o show, um senhor se manifestou, bradando:
- ‘Lula preso! Lula na cadeia!’.
Eu parei a apresentação e lhe disse, gentilmente:
- ‘amigo, recomendo à você, com todo meu carinho, dignidade,
respeito e amor, que procure se informar a respeito do que está verdadeiramente
acontecendo no seu país, neste momento.’
Ele se levantou, arrancou a mulher da cadeira (que,
contrariada, manifestava seu desejo de permanecer no teatro) e o filho do
casal, visivelmente envergonhado.
Se retiraram.
Pensei: é assim com o fascismo.
Não há diálogo, porque não há argumento.
Não há respeito, pois não há empatia.
Não existe compaixão, pois não tem amor.
Mas seguimos fortes e juntos, na certeza de que, a cada dia
que passa, a luta vale muito, MUITO a pena.
Por ele, por nós e por todxs que amam a democracia, a
liberdade, a igualdade e a transcendente beleza de olhar para o lado e
enxergar, no outro, a si.
Um beijo infinito
Presidente.
Ana Cañas – Cantora.
Nenhum comentário:
Postar um comentário