Nos corredores abafados de Brasília, a chamada “minuta do
golpe” deixou de ser apenas um documento apreendido para se tornar peça central
de um enredo político que mistura conspiração, traição e cálculo frio de poder.
O texto, encontrado na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres,
detalhava um plano para reverter o resultado das eleições de 2022, prender
ministros do Supremo Tribunal Federal e instaurar um estado de exceção, um
roteiro que, segundo investigações, teria sido lapidado por figuras próximas ao
então presidente Jair Bolsonaro.
A lista de personagens é digna de thriller político, Mauro
Cid, o ex-ajudante de ordens que virou delator e apontou alterações feitas pelo
próprio Bolsonaro no documento; Filipe Martins, ex-assessor internacional,
acusado de ajustar o texto para manter apenas a prisão de Alexandre de Moraes;
e generais e ex-ministros que, entre negativas e contradições, tentam se
desvencilhar do script golpista.
O Supremo, sob a batuta firme de Alexandre de Moraes, conduz
audiências tensas, onde advogados tentam desviar o foco e réus medem cada
palavra. Mas, a cada depoimento, a narrativa de um plano articulado para romper
a ordem democrática ganha contornos mais nítidos.
Para o Governo Lula, o avanço das investigações tem efeito
duplo, reforça a legitimidade do resultado eleitoral e expõe a fragilidade de
um campo opositor que, acuado, perde coesão e discurso. Nos bastidores do
Planalto, a leitura é clara, quanto mais se revelam os bastidores da minuta,
mais se consolida a imagem de Lula como fiador da estabilidade
institucional.
O caso segue em aberto, mas uma coisa já é certa, o roteiro
do golpe, que pretendia reescrever a história recente do Brasil, acabou virando
prova de que a democracia, quando pressionada, pode sair ainda mais
fortalecida. E, no palco político de 2025, quem colhe os aplausos é o governo
que resistiu à tempestade.
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