As mudanças na legislação trabalhista, as perspectivas para
o movimento sindical e os impactos das inovações tecnológicas no ambiente
laboral foram debatidos no seminário “Reestruturação Produtiva e os Novos Desafios
do Mundo do Trabalho” realizado nesta quinta-feira (06). A atividade, promovida
pela Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre), reuniu
organizações trabalhistas, gestores públicos, magistrados, deputados estaduais
e outros segmentos da sociedade civil, no auditório da Assembleia Legislativa
da Bahia, em Salvador.
Perspectiva histórica
O presidente da Fundação Perseu Abramo, Marcio Pochmann,
abriu a discussão com uma abordagem histórica sobre o mundo do trabalho.
“Estamos em um momento de transição semelhante aos contextos de 1880 e 1930,
saindo de uma sociedade industrial para uma sociedade de serviços, assentada
fundamentalmente no trabalho imaterial portável. É um cenário que tem seus
lados perversos, mas que traz oportunidades e demanda novas formas de
representação”, explicou o palestrante.
Quarta revolução
O presidente da Fundação Maurício Grabois, Renato Rabelo,
por sua vez, destacou que estamos vivenciando a quarta revolução industrial,
marcada pela utilização de tecnologias que impulsionam o capitalismo
financeirizado. “Um dos grandes desafios é a luta pela valorização do trabalho,
para que as pessoas estejam preparadas para utilizar a tecnologia. Outra
questão importante é a diminuição da jornada de trabalho, uma vez que os
avanços tecnológicos ampliam a produtividade”, disse.
Novo sindicalismo
As transformações profundas no sistema produtivo exigem que
os sindicatos se renovem, na visão do diretor técnico do Departamento
Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Clemente Ganz.
“O movimento sindical deve estar preparado para disputar um novo tipo de
regulação, estabelecendo um patamar de direitos de proteção laboral e sistemas
de proteção mais geral. De um lado, a riqueza produzida precisa ser distribuída
de forma mais justa, com melhores salários e melhores condições de trabalho; do
outro, as políticas sociais precisam oferecer proteção universal e que ajude no
desenvolvimento econômico social”, ressaltou durante o seminário.
Para o secretário de Relações Internacionais da Central de
Trabalhadoras e Trabalhadores do Brasil (CTB), Nivaldo Santana, o momento é
dramático. “Além do desemprego e da precarização, os trabalhadores estão
enfrentando dificuldades de conviver com esse processo radical de
reestruturação produtiva, no qual todas as instituições ligadas ao trabalho estão
sendo fragilizadas ou extintas no país. Um debate como esse serve como uma
reflexão importante para construirmos diques de contenção contra esses
ataques”, resumiu Nivaldo.
De acordo com o titular da Setre, Davidson Magalhães, “o
objetivo do seminário foi apresentar um panorama das intensas transformações no
mundo do trabalho, oferecendo subsídios para que a Bahia continue avançando nas
políticas públicas de geração de emprego e renda”.
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