Essa época de fim de ano nos convida a reflexões que, muitas vezes, enterramos sob pilhas de compromissos. Paramos para pensar: será que cuidamos bem do que não tem preço? Ou será que o deslizar dos dias nos faz esquecer que o essencial precisa de zelo constante? Ah, que ironia! Dizemos amar, mas priorizamos o que tem prazos, rótulos e boletos.
Certa feita, uma amiga decidiu que passaria um Natal sem celular. “Eu quero ouvir risadas de verdade, não áudios”, disse ela. E foi então que, ao servir a ceia, sua sobrinha de quatro anos lhe perguntou: “Tia, você não gosta de foto?” “Gosto sim, por quê?” “Porque a gente não tira foto com quem não gosta muito...”
E ali estava uma lição infantil: nos preocupamos em registrar os momentos mais para o mundo do que para o coração. Talvez, no fundo, seja medo de esquecer. Mas a memória que realmente importa não é aquela que vira postagem; é a que se instala, silenciosa e terna, no fundo da alma.
Às vezes precisamos reaprender a valorizar o que importa. Isso exige humildade: admitir que negligenciamos quem ou o que mais amamos é desconfortável. Mas, nesse recomeço, esta a chance de não apenas pensar, mas sentir diferente.
Então, antes que o ano termine, entre uma taça de vinho e um pedaço de panetone (que adoro), olhe ao redor. Note quem está ali. E, sobretudo, esteja ali também. De verdade. Porque cuidar bem daquilo que não tem preço pode não garantir que nunca se perca, mas certamente impede que seja esquecido.
Feliz Natal!
Por: Luciano Júnior.
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