Entre as determinações, estão a obrigação de a empresa sinalizar os conteúdos publicitários próprios publicados no âmbito de seus serviços e realizar “contrapropaganda”, ou seja, comunicar devidamente os consumidores o interesse comercial da empresa sobre o PL das Fake News. Em caso de descumprimento, o despacho diz que o Google será multado em R$ 1 milhão por hora.
Nos últimos dias, a plataforma de buscas veiculou em sua página inicial um link que direcionava para um texto contrário ao projeto de lei das Fake News. A proposta encontra-se sob tramitação na Câmara dos Deputados e pode ser votada ainda nesta terça-feira (2) pela Casa.
“Ou seja, a Senacon se viu com dezenas, quiçá, centenas de indícios de que algumas empresas estariam privilegiando a sua própria decisão e manipulando seus próprios termos de uso, para privilegiar aquilo que lhes convém em detrimento de outras vozes. Isto é censura. E é dever da Senacon do Ministério da Justiça e Segurança Pública garantir que ninguém manipule a liberdade de expressão no Brasil”, afirmou o ministro Flávio Dino. Já ao final da coletiva de imprensa, a plataforma retirou o texto da sua página inicial.
O secretário Nacional do Consumidor, Wadih Damous, reforçõu
a afirmação. “Pelo apurado exame que nós fizemos destas publicações, é uma
publicidade cifrada, opressiva, em que o debate está absolutamente assimétrico.
Isto é inconstitucional, isto é ilegal, e naquilo que nos diz respeito, aquilo
que diz respeito aos consumidores, por diversas formas, eles estão violando o
Código de Defesa do Consumidor, sobretudo com abuso de poder econômico e
publicidade cifrada, publicidade abusiva, publicidade que na verdade emite
opinião editorial, como disse o ministro”, ressaltou o secretário.
Leis brasileiras
Wadih Damous destacou o fato de que as plataformas precisam obedecer às leis brasileiras, independentemente dos seus termos de uso. “O primeiro aspecto que deve ficar claro é que termos de uso, seja lá de quem for, seja de plataforma, seja de qualquer serviço, não podem se sobrepor ao nosso ordenamento jurídico. Termos de uso não têm hierarquia, nem podem ter em relação à nossa Constituição, às nossas leis, à nossa normatividade”, declarou.
De acordo com Estela Aranha, com o início dos debates
públicos sobre a regulamentação das redes, outras plataformas procuraram o
Ministério da Justiça e Segurança Pública para debater o tema, mas o Google não
tomou a mesma iniciativa. “Nós estamos procurando [a empresa] no modo que temos
que fazê-lo, que é por vias administrativas. Esse foi o primeiro processo
porque, obviamente, essa publicidade não sinalizada é o evento de mais impacto,
tendo em vista até o monopólio do Google em relação a ser o grande buscador em
todo o Brasil”, disse.
Remoção
Ao final da coletiva de imprensa concedida pelo ministro
Flávio Dino, pelo secretário Nacional do Consumidor, Wadih Damous, e pela
coordenadora de Direito Digital do MJSP, Estela Aranha, a plataforma removeu a
publicidade. "E seguimos abertos ao diálogo. A lei deve prevalecer sobre o
faroeste digital", reiterou o ministro por meio das redes sociais após a
remoção.
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