Deu BO na despedida de solteiro

Gamela era um dos amigos mais queridos daquela turma. Pois não é que ele inventou de se casar. Isto lá pelo final dos anos 90. Coisa que ninguém mais acreditava que fosse acontecer. Muito pelos conselhos que ele recebeu de todos os que já tinham embarcado nessa canoa furada. Dizia Beto, “caí fora que isso não vai dar certo. Tu tá com a tua vida em paz, se casar, vai descobrir o que perdeu”.

Mas Gamela estava decidido a enfrentar o novo, ele iria mesmo se casar com Joelma. E como todo mundo sabe, para cada casamento tem que ter uma despedida de solteiro, que para aquele grupo, é algo a mais do que simplesmente encher a cara de cachaça e acordar no outro dia com dor de cabeça.

Foi assim que pensaram os amigos da turma do Gamela. Entre eles tinha o Doutor Tafu. Um Peruano que não se sabe lá como, veio morar em Paulo Afonso na Bahia e já se faziam dezenas de anos, tantos que ele embolava a língua, pois nunca perdeu o sotaque natal, para dizer quando tinha chegado por essas bandas. Era famoso por suas faras. Conseguiram a chácara dele e acertaram a despedida de solteiro do Gamela.

Uns ficaram responsáveis pelas bebidas, outros pela comida, na verdade, era só carne para churrasco mesmo e Tafu, aquele Peruano de um metro e vinte de altura, ficou encarregado de animar a festa. Ele, conhecedor da boa malandragem, convidou “As Cidinhas” e mais algumas outras “amigas”.

E ao meio-dia a turma já tinha chegado, a carne do churrasco já estava no fogo e na piscina era só alegria. Tafu, alguns dos convidados e Gamela. Afinal, a festa era para ele. O Cabra estava feito pinto no lixo.

Para ser uma boa despedida de solteiro, tudo tem que estar bem ajustado, inclusive o segredo de onde ela vai acontecer, para nada dar errado. Mas não foi o que aconteceu. A esposa de um dos convidados descobriu que na farra tinha mais do que só os amigos, churrascos e as bebidas. Ela saiu ligando para as esposas dos outros amigos e contando tudo o que possivelmente estava acontecendo por lá.

Pegou o carro, um Saveiro, passou na casa de uma, de duas e juntas foram bater na chácara do Tafu. De longe, os rapazes estranharam a poeira que levantava na estrada em direção a eles, mas tinham desconfiado do que se tratava. Quatro carros em alta velocidade naquela estrada esburacada.

Quando perceberam que o portão estava sendo aberto pelas mulheres, quem ficou fora da piscina conseguiu correr, mas que permaneceu dentro, foi pego. E Júnior, pobre dele, viu a fúria sendo usada pelas mãos de sua esposa que pegou pedras de todos os tamanhos e mirava diretamente nele e nas pobres meninas. Foi tantas em minutos que as meninas começaram a revidar. Mergulhavam, pegavam e atiravam de volta nas casadas. A cena só não foi pior, porque os fujões, que se meteram dentro do mato, foram perseguidos por suas esposas. Marise com um revólver nas mãos conseguiu alcançar Oliveira. O pobre resolveu subir em um pé de um umbu para se esconder. Não deu certo

Alcançado, ele e mais uns dois, eram puxados pelos pés e com o cano das armas cutucando a bunda de cada um. O desespero foi grande. Uma gritava, “desce se tu é homem”. A outra dizia, “vagabundo, se tu não descer eu vou te matar aqui mesmo”. E Gamela, que a esposa não tinha ido nesse BO, pedia calma as mulheres, tentando pegar os revólveres delas.

Após a calmaria. Explicações dadas. Choro de homem pedindo perdão e umas duas horas depois, Marise botou todos para casa e deu carona As Cidinhas, que voltaram na caçamba da Saveiro. E todos foram felizes. Aconteceu o casamento de Gamela e a amizade de todos contínua até hoje.

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