Todos os amigos e vizinhos já
sabiam que algo estava para acontecer. Zezim de Déa, um rapaz que por onde
passava a mulherada olhava para ele. Moreno de cabelos curtos, rosto afinado
que chamava a tenção de todas. Ele causava grande ciúmes, até mesmo, entre seus
amigos que não gostavam de ver suas esposas com sorrisos entre os dentes quando
o viam.
Pois não é que sua esposa,
morena de cabelos negros feitos asas de graúna, escorridos que e iam a baixo do
ombro e quando o vento batia, ele se desmancha todo. Pele marrom, com corpo de
violão, pernas de quem faz musculação em academia ao final da tarde onde a
presença masculina é bem maior. Ela tinha um ciúme arretado de Zezim. Se mordia
toda de raiva das amigas. Achava que todas elas queriam seu marido.
Por muitas vezes Maria tinha
avisado:
- Se um dia eu descobrir que
tu tá me traindo eu te capo.
Ele, homem tranquilo, levava
tudo na brincadeira.
- Tu, mulher da minha vida,
não precisa se preocupar porque esse coração e esse corpo, é só teu.
Todos que já ouviram ele falar
a esposa, tinham a certeza de que era a pura verdade. Ninguém nunca viu Zezim
pular o muro.
Ele era um relógio suíço.
Chegava sempre às 18h e 30min. As vezes até antes mesmo do horário.
Mais eis que seu novo chefe,
pediu para que o homem, tranquilo por natureza, ficasse na segunda-feira para
ajudar no serviço. Quando ouviu aquele pedido, Zezim fez uma cara feia que até
assustou quem estava perto.
- Chefe, eu não posso ficar.
Não avisei a minha esposa.
O chefe, neste momento, fez
cara ainda mais feia e foi o bastante para nosso Zezim entender que, em época
de desemprego, o melhor era ficar. Ele tinha certeza que chegando em casa iria
levar uma bronca. E foi exatamente o que ocorreu.
Ao chegar em casa, estava uma
mulher espumando de raiva. Mal ele colocou o pé na porta ouviu um grito:
- Onde você estava? O que está
acontecendo que eu não estou sabendo?
Foram mais de dois minutos de
interrogatório. Mais parecia um acusado de crime em uma delegacia de polícia na
frente de um delegado em seu primeiro dia querendo mostrar serviço.
Depois de muito explicar,
pedir desculpas por não ter conseguido avisar antes, implorar mesmo, ele obteve
a compreensão da esposa.
No dia seguinte, quando estava
saindo para o trabalho, foi dar o beijo de todos os dias e sentiu que tinha algo
estranho no semblante da mulher:
- Se teu chefe pedir para tu
ficar para fazer hora extra, diga a ele que você tem uma esposa esperando em
casa.
Zezim balançou a cabeça
afirmativamente resignado, e partiu para o trabalho. Deixando em casa a mulher
de sua vida. A quem prometeu na igreja viverem juntos até que a morte separasse um do
outro.
Sua esposa ficou olhando ele
seguir em frente. Quando já não mais o avistava, pegou o controle remoto da
televisão e ligou. Ela gosta das novelas mexicanas. Sentou, como faz todos os
dias, naquele sofá onde já tem a marca da bunda de tanto sentar no mesmo
lugar. Adormeceu.
O tempo passava e nada de Zezim
chegar. Maria sempre foi uma mulher de palavra e ele sabia disso. E este era
seu medo. Mais um dia de atraso no serviço. Naquele dia, ele só chegou em casa
mais de meia noite. Teve que refazer o relatório mensal de toda a empresa. Sabia
que o atraso, dessa vez, não seria bem visto pela esposa.
Nessa noite, ao vir na rua,
ela já o esperava na porta com sorriso no rosto. O recebeu com um beijo na boca
apaixonado. Surpreso, o homem não disse nada. Gostou daquele momento. Ela o
levou ao banheiro, retirou a sua roupa, e como nunca, o levou para debaixo do
chuveiro. A água escorria no corpo e ela pegou o sabonete e o ensaboou. Era
tudo novo e ele estava gostando. Terminado banho. Ela o enxugou com sua própria
toalha. O pegou pelas mãos e o levou a cama. Lá, fez coisas que antes só soube
que existia através de revistas, e na internet. Depois de longo tempo com seu
amado e saciada, ela olha com carinho e saí, agora para tomar o seu banho.
Zezim, cansado, estava deitado
na cama de braços abertos. Ele a esperava para um novo tempo de amor e prazer.
O barulho da água no chuveiro
parou.
Maria entrou no quarto
enrolada na tolha. Tirou e jogou no rosto de Zezim. Naquele momento deu para
ouvir o sorriso de felicidade dele. Sentiu uma mão tocando sua genitália. Abriu
as pernas quando sentiu seus testículos abarcados. De repente uma dor insuportável
e um grito estridente ecoa no ambiente. Ao retirar a tolha do rosto, ele vê sua
esposa com os dois ovos na mão esquerda.
- Eu te avisei que você era só
meu. E se é meu, não é de mais ninguém.
Naquele momento, ao final da
frase, ele já não ouvia mais nada. Estava desmaiado e em uma poça de sangue.
Maria foi até a cozinha, ligou
o fogo, pegou uma frigideira que estava com óleo do almoço, esperou ferver e
jogou os ovos dentro. Ela ainda pegou um pão, abriu e esperou assar para colocar dentro. Na hora que deu a primeira mordida e estava com a boca cheia, na porta
se ouve uma batida e alguém chamando:
- Maria, Maria...
Maria assustada acordou e foi
abrir a porta para o seu amado. Estava suando bastante. Deu um abraço forte e perguntou:
- Zé, tu ama?
Ele a beijou e confirmou com a
cabeça que sim. Zezim estava esgotado de mais um dia de trabalho.
Dimas Roque - do Livro, Quando o Amor Incomoda.
Um comentário:
E eu jurando que fosse verdadeiro. Belo conto de suspense e terror
Postar um comentário