Exclusivo: Entrevista com Altamiro Borges. O responsável pelo #BlogProgBrasil.

Altamiro Borges é Jornalista e membro do Comitê Central do PCdoB. Ele é hoje o presidente do Centro de Estudos da Mídia Alternativa “Barão de Itararé”, com sede em São Paulo, capital e quem é o responsável pelos #BlogProg, encontro onde se reúnem os conhecidos blogueiros sujos de todo o Brasil e que terá sua segunda edição neste próximo final de semana em Brasília.

Nesta entrevista ele, quem mantém o Blogo do Miro, fala começou este movimento, faz uma revelação de como foi preparada a entrevista entre o ex-presidente Lula e os bogueiros sujos. Ele também compara o Paulo Henrique ao William Bonner, e não tem duvidas, PHA é muito melhor, por tudo o que fez e vem fazendo na profissão.

Miro ainda fala da proposta de criação de uma empresa para agencsiar publicidade para os blogs e que será apresentada pelo Jornalista Rodrigo Vianna no #BlogProg. Essa é uma idéia apresentada no encontro de São Paulo durante a oficina de captação de recurso para a blogosfera. O interessante é que o jornalista Vianna não esteve presente.

Notícias do Sertão: Como surgiu o #BlogProg?

Altamiro Borges: Foi a idéia de agregar os blogueiros do Brasil. Blog é uma coisa recente no Brasil. Você tem a internet cumprindo o papel no movimento social. Se a gente for pegar as manifestações de Seattle nos Estados Unidos contra a globalização neoliberal em 1998, elas foram feitas com base na internet. Os blogs mesmo é um fenômeno mesmo de 10 anos para cá aqui no Brasil.

Um dos primeiros blogs no Brasil foi o do (Luiz Carlos) Azenha, que é um belo blog. O Blog do Nassif é de depois e foi o professor Iderber (Avelar), um dos iniciantes da blogosfera no Brasil que tem o Blog “Biscoito Fino”, ele foi um dos que já, algum tempo atrás propôs agregação de blogueiros. Então se teve algumas iniciativas. No foro de mídia livre, que foi uma coisa que nasceu em 2008 em São Paulo, com iniciativa de Joaquim Palhares do Site Carta Maior, que ai agregou um bocado de gente, de pontos de cultura, de universidades. A professora Ivana Mendes do Rio de Janeiro. No segundo foro se tentou fazer um encontro de blogueiros. Eu, Nassif e Caribé, participamos. Juntou ali, mais umas 30 (trinta) pessoa. Já tinha várias iniciativas, mas não tinha ainda conseguido levantar voou. Quando começa a levantar voou? Na fundação do Centro de Estudos Barão de Itararé o Azenha propôs que ele encabeçasse a realização do encontro e bogueiros. Tem uma coisa interessante nisso. Na oportunidade eu fui contra. Eu achava que se fosse só o Barão tomando conta ia dar problemas. Ai eu propus que fosse uma comissão de blogueiros e foi montada composta de 10 pessoas.

NDS: Mas essa comissão não ficou muito paulista?

AB: Porque tinha que nascer em algum lugar. Ela nasceu ali. Ela nasce muito vinculada ao momento político. Nasce porque estávamos em um processo eleitoral em que essa mídia corporativa, essa mídia hegemônica tinha virado palanque eleitoral. Então deu certo porque o clima político era propicio. Logo de cara marcamos o primeiro encontro nacional e descentralizamos para os estados.

Naquele momento não tinha outro jeito, não tinha como articular um movimento nacional. Nós tínhamos que fazer antes das eleições, para ter m peso, para contribuir. Então foi por isso que ela nasceu com essa cara paulista.

NDS: Agora há ama possibilidade de a comissão ter representações nacionais de todos os estados que realizaram os encontros?

AB: Vai ser uma boa polemica. Nós temos que decidir coletivamente. O que decidir tá bem decidido. A gente erra junto e acerta junto. O caminho se faz caminhando não é assim que se diz? Ninguém tem certeza do que vai ser. É uma coisa muito nova.

Nós temos estados, como o Paraná que criou uma forma de organização. Já criou uma associação. Nós temos estados que propõem uma forma de cooperativa. Na coordenação nacional a idéia majoritária não é única. A idéia majoritária é que se tentar criar uma associação nacional vai dar problema, mas é a plenária quem vai decidir.

Na minha opinião é que a gente tentar formalizar uma associação nacional agora pode criar atritos. É um movimento em rede. Tem pessoas, por exemplo, que apóiam Dilma e tem pessoas que são contra a Dilma.

Paulo Henrique propõe que quem fica como organizador disso é o Barão de Itararé. Eu sou contra!

O que precisa fazer é garantir que isso se nacionalize procurando fazer florescer mais blogs, procurando aperfeiçoar os nossos blogs, procurando algum mecanismo organizativo que garanta uma agenda dos blogueiros. Por exemplo, montar uma cooperativa que cuide de agenciar publicidade para todo mundo. Rodrigo (Vianna) já está propondo isso. Já está inscrito lá no encontro. Que não é orgânica é outra, é uma empresa que vai fazer que vai agenciar publicidade e vai dividir de acordo com os acessos. E essa empresa com cooperativados, ela teria cuidaria de toda a papelada para conseguir publicidade, de toda a burocracia da contabilidade.

NDS: A revolução será feita pela internet?

AB: Não! Há um sujeito, o Lennin, que dizia que a imprensa é fundamental, é luta de idéias. A imprensa poder ser um instrumento decisivo na consciência e na mobilização. A imprensa não faz revolução. E hoje com a internet é a mesma coisa, não é a internet que faz revolução! Transformações na sociedade elas exigem correlações de forças, que é da política, e acumulação de forças. Revolução é ruptura.

NDS: O Jornalista baiano Oldack Miranda cunhou a frase que diz que “Todo Blogueiro é Um Bicho Entre 4 Paredes”. Como você vê isso?

AB: Eu acho que não é só blogueiro. É o twitteiro, o facebookeiro. Ele é um novo tipo de militante e nós vamos ter que compreender melhor. A impressão que me dá é que neste movimento se tem camadas. Você tem uma camada de blogueiros que já é jornalista, que tem as técnicas do jornalismo, que tem as fontes. Este é um tipo de blogueiro que às vezes trabalha em um grande órgão de comunicação, mas que busca outra forma de expressão. Se tem outra galera que é o maior barato. São os ativistas digitais.

Eu fui ao encontro de Pernambuco que lotou o auditório do centro de convenções. Eram 330 (trezentas e trinta) pessoas. Eu só conheço 1 (um) blogueiro do primeiro time. Eu perguntei, quantos blogueiros tem aqui? Impressionante, quase 90 (noventa) pessoas levantaram as mãos, São blogs que tem pequenos acessos 30 (trinta), 40 (quarenta) dia. Mas é uma multidão. Isso é magnífico! É uma militância virtual. É o cara que é bancário, que é professor, que é comerciante e que resolveu utilizar este instrumento para falar sobre determinado assunto. Então se tem a grosso modo estes dois tipos na blogosfera.

Nesse mundão maluco tem uma parte que nunca teve militância política. A militância se dá atrás de um computador, mas contribui. Quantos ajudaram a twitar o “churascão dos diferenciados” e não foram? Na batalha eleitoral do ano passado, muitos só estavam atrás do computador. Na hora que a coisa pegou, usaram o computador, mas também foram para as ruas.

NDS: O que aconteceu de mais importante neste primeiro ano da comissão do #BlogProg?

AB: Foi ter feito o primeiro encontro. A costura que foi feita para realizar com várias cabeças, varias sentenças. Essa turma que montou o primeiro encontro está de parabéns. Você imagine Paulo Henrique Amorim, um jornalista consagrado, âncora do segundo programa mais visto da televisão brasileira no domingo, que já foi chefe de redação da Globo em Washington, chefe de redação do JB. Esse cara eu acho o maior barato. Você imagina a contribuição de um caboclo desse. Ele parece um menino, vai pra cá, vai pra lá. Esse cara poderia ser um Willian Bonner da vida. Só vai pra society. Mas o cara tá ai, dá uma contribuição.

O Nassif é um dos Jornalistas mais premiados do Brasil. O blog dele tem 13, 14 mil colaboradores na rede do Nassif. Ele não precisava dos blogueiros sujos. Ele diz; “eu detesto reunião”. Mas olha a contribuição deles.

O segundo destaque foi quando o movimento ganhou legitimidade na campanha eleitoral. Foi quando eles começaram a nos atacar. Ai foi um barato, foi legal. Vê o Serra puto da vida contra os blogs sujos foi o maior barato. Ele ir lá no clube militar. Os militares são milicos de pijamas, reaças dos quatro costados. Ele ir lá falar contra os sindicalistas e os blogs sujos.

O terceiro momento foi quando Lula, que tem uma sensibilidade da zorra, disse “eu quero dá uma entrevista coletiva para blogueiros. Vocês escolham ai 10 (dez), escondam por enquanto, porque se isso vier a público com muita antecedência eu vou levar muita porrada. Façam uma coisa muito cuidadosa”. Isso deu uma baita legitimidade.

Eu acho que um quarto momento, que tá sendo o maior barato, é esse negocio dos encontros estaduais, porque ai deixou de ser aquele grupozinho paulista dos 10 e ai deu energia que é impressionante. Vocês (Bahia) em um mês organizaram um encontro estadual. Participou gente de todo o estado, com gente que veio de Ilhéus, Itabuna, Paulo Afonso, isso cria um dificuldade de logística. É um outro movimento que vai se formando.

Muita molecada nova. Muita gente com generosidade. Fazer um negócio desse a tendência é alguém querer se apropriar e eu tenho para mim que quem quiser se apropriar, e eu estou falando de todos, se alguém quiser se apropriar disso destrói o movimento.

Neste segundo encontro nacional vamos vê se a gente consegue tirar uma comissão que mantenha a chama acessa.

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