A pandemia de COVID-19 é um evento dinâmico e de longo prazo
que exigirá um desenvolvimento quase constante de estratégias proativas para
solução de problemas.
A medicina moderna tem muito, mas muito pouco, a oferecer
como tratamento específico. A necessidade de contratação de pessoal
especializado, aquisição de equipamentos – principalmente ventiladores
pulmonares – e a montagem de uma cadeia confiável de suprimentos, conspiram
contra os esforços para estruturação de uma rede de atendimento adequada. Como
vamos lidar com os milhares de pacientes que precisarão de cuidados?
Primeiro, precisamos trabalhar para garantir que as
intervenções baseadas na população – incluindo ações de distanciamento social,
quarentena e isolamento – sejam tomadas com rapidez e prudência. Segundo,
podemos usar os fundamentos estabelecidos pela ciência para guiar estratégias
de intervenção.
Sob a liderança do Governador Rui Costa, estabelecemos uma
Central de Comando e Controle da Saúde. Utilizando princípios bem desenvolvidos
de planejamento de ações para gerenciamento de crises, expandimos drasticamente
o acesso aos testes diagnósticos por meio do fortalecimento do Laboratório
Central de Saúde Pública (LACEN). Ampliamos e descentralizamos a oferta de
exames de biologia molecular (RT-PCR, padrão ouro) para garantir a
classificação adequada de pacientes internados.
Paralelamente, elaboramos um plano para acrescentar mais de
1 mil novos leitos hospitalares, exclusivos para Covid-19. Para otimizar a
eficiência do atendimento e das transferências via central de regulação, vinte
e cinco Centrais Regionais de Triagem foram abertas em todo o estado.
A proteção dos profissionais de saúde também é essencial.
Não enviaríamos soldados para a batalha sem coletes balísticos. Para tanto,
estamos sendo estratégicos em nossos planos para o uso de EPIs e considerando
alternativas extraordinárias, incluindo o emprego de máscaras de tecido, para
uso generalizado da população. Montamos um programa de testagem universal para
profissionais de saúde, oferecendo RT-PCR em coleta rápida, padrão
“drive-through”, para identificar aqueles profissionais assintomáticos carreadores
do vírus.
Nosso platô de crescimento só será atingido entre meados de
junho e julho. Não é possível continuar crescendo a taxas diárias superiores a
8%. Precisamos inspirar e mobilizar o público para aderir às medidas
preconizadas, imediatamente. Nesse esforço total, todos têm um papel a
desempenhar e praticamente todos estão dispostos.
O objetivo não é achatar a curva; o objetivo é esmagar a
curva. E com inteligência suficiente poderemos em breve começar a reativar a
economia, sem colocar vidas adicionais em risco.
Por: Fábio Vilas-Boas - Doutor em Ciências e Secretário
Estadual da Saúde.
Artigo publicado no jornal A Tarde, em 30 de abril de 2020.
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