Trabalho de pesquisadores da Uneb promete avanços
tecnológicos imensuráveis
Falar em robô é reviver memórias de filmes futuristas, nos
quais a sociedade convive rodeada por máquinas pensantes. Mas, a presença de
robôs e sua aplicação na rotina da população se torna cada dia mais real,
conforme mostra um trabalho desenvolvido por cinco pesquisadores da
Universidade do Estado da Bahia (Uneb), do campus Salvador. Eles investem em um
projeto que elabora vários tipos de robôs com diversas finalidades, desde a
recreação até a prestação de assistência para pessoas com deficiência.
Marco Simões, integrante do grupo e responsável pela
pesquisa sobre robótica inteligente, conta que o seu propósito é investigar a
aplicação da inteligência artificial em robôs. “Entre os principais temas, o
que se destaca é um sistema multi-robô, que se trata de um grupo de máquinas
que precisam cooperar entre si para solucionar problemas complexos como a
criação de transportes públicos autônomos (carros autônomos, ônibus autônomos,
etc). Neste cenário, todos os veículos precisam cooperar para garantir a segurança
e integridade física de todos os passageiros e ainda pensar no melhor trajeto”,
explicou.
A palavra-chave, de acordo com Marco Simões, é autonomia.
Esta é a grande diferença em relação aos robôs que existem no mercado. “Um
sistema básico é programado para executar soluções pensadas por humanos,
enquanto um sistema inteligente é programado para que ele mesmo encontre as
soluções dos problemas. Um carro autônomo, por exemplo, se encontrar um
obstáculo no caminho que usualmente pega para levar seu dono para casa, irá dar
a volta e encontrar outro caminho. Ou seja, ele é baseado em objetivos e não em
algoritmos pré-programados com soluções prontas”, ressaltou.
O professor explica que uma sociedade científica conhecida
como RoboCup Federation é a responsável por inspirar partes do projeto. A
organização, que criou robôs inteligentes para jogar partidas de futebol,
possui como meta criar um sistema capaz de disputar e vencer com um time de
humanos. Marco explica que quando isso acontecer, a ciência terá o conhecimento
necessário para solucionar todos problemas de sistemas multi-robôs, como
veículos autônomos, agronegócio, construção civil, nano-cirurgias, dentre
outros.
Atualmente, o grupo de pesquisa é filiado ao RoboCup, mas
não cria somente robôs para disputarem partidas. Outros protótipos já criados
trazem robôs de serviços, que são responsáveis por interagir com humanos em
linguagem natural, obedecer a comandos, reconhecer pessoas e pegar objetos,
dentre outras habilidades. O dispositivo desenvolvido por eles, nesta linha,
chama-se Bill, uma sigla que significa Bot, Intelligent, Large capacity, Low
cost, em português, robô inteligente, de alta capacidade e baixo custo
financeiro.
Além disso, o professor diz que outro projeto de grande
porte é a cadeira de rodas inteligente (CRI), que, de maneira assistiva, pode
auxiliar pessoas com necessidades específicas como idosos, crianças,
deficientes, etc. “A nossa CRI é um robô semiautônomo. Isto significa que o
controle central é do usuário da cadeira, mas a mesma possui inteligência
artificial para impedir que este usuário leve a cadeira para uma situação de
risco como um degrau ou um buraco”.
O grupo, composto também por Josemar Souza, Robson Silva,
Jorge Campos e Ana Patricia Mascarenhas, conta com o apoio da Fundação de
Amparo à Pesquisa da Bahia (Fapesb) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq), além do apoio acadêmico das Universidades do
Porto e de Aveiro, ambas em Portugal. Eles são hexacampeões brasileiros e
pentacampeões latino-americanos com o time de futebol de robôs humanoides. Mas,
os objetivos não param por aí. Marcos relata que o robô Bill passa por um
processo de reestruturação do seu software para dar maior flexibilidade e
capacidade de expansão. Já em relação a cadeira de rodas inteligente, foi
concluído o mapeamento através de sensores eletromagnéticos das ondas de
pensamento para emitir comandos para a cadeira.
Bahia Faz Ciência
A Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação
(Secti) e a Fapesb estrearam, no dia 8 de julho, o Bahia Faz Ciência, uma série
de reportagens sobre como pesquisadores e cientistas baianos desenvolvem
trabalhos em ciência, tecnologia e inovação de forma a contribuir com a
melhoria de vida da população em temas importantes como saúde, educação,
segurança, dentre outros. As matérias serão divulgadas semanalmente, sempre às
segundas-feiras, para a mídia baiana, e estarão disponíveis no site e redes
sociais da Secretaria. Se você conhece algum assunto que poderia virar pauta
deste projeto, as recomendações podem ser feitas através do e-mail.
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