“Encontro dos Revolucionários” reúne protagonistas de uma era marcante

Paulo Afonso celebra a memória dos que ousaram transformar

Quase cinco décadas depois de um despertar coletivo que sacudiu os alicerces culturais e políticos de Paulo Afonso (BA), a cidade se prepara para reviver parte dessa história em uma celebração de memórias, lutas e esperança. No dia 19 de junho, será realizado o “Encontro dos Revolucionários”, evento que reunirá os protagonistas de um movimento que marcou os anos 80 com coragem e engajamento.

Formado por jovens que começaram sua militância política no final da década de 1970, o grupo ficou conhecido por ações ousadas em plena transição democrática do país. Apoiaram greves dos eletricitários da CHESF (Companhia Hidrelétrica do São Francisco), fundaram a FECULPA (Feira Cultural de Paulo Afonso), participaram da criação do PT (Partido dos Trabalhadores) em 1981 e travaram batalhas por direitos e qualidade de vida, como a cobrança de royalties da CHESF e a exigência de água potável de qualidade fornecida pela EMBASA (Empresa Baiana de Águas e Saneamento).

Em 1985, protagonizaram a campanha eleitoral que levou Zé Ivaldo à prefeitura – movimento que ficou marcado como um dos mais vibrantes da história local. Hoje, muitos desses “meninos de calças curtas” são pais, avós e ocupam ou ocuparam cargos relevantes em governos democráticos, mas preservam viva a chama da juventude sonhadora.

O reencontro está marcado para acontecer no espaço Baba da Juventude e contará com apresentação de Luanderson e da banda Forró Seis Cordas. Para Dimas Roque, um dos participantes, o evento será uma “confraternização entre os jovens que deram a Paulo Afonso as condições de ser o que é hoje”. Como ele lembra, “foi nas ruas, enfrentando a ditadura e lutando contra as injustiças, que conseguimos fazer dessa cidade um lugar melhor para se viver”.

Mais do que um reencontro entre amigos, o “Encontro dos Revolucionários” convida toda a sociedade a refletir sobre o poder transformador da juventude, a importância da participação cidadã e a necessidade de manter viva a memória das lutas que ajudaram a moldar um Brasil mais democrático. Em tempos de incertezas, olhar para o passado com respeito pode ser a centelha que reacende o compromisso com o futuro.