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Foto: Arquivo Pessoal Emílio Fraga |
De 2012 a 2024, foram registrados 8,8 milhões de acidentes do trabalho e 32 mil mortes no emprego com carteira assinada, segundo os dados atualizados do Observatório de Segurança e Saúde do Trabalho da Iniciativa Smartlab de Trabalho Decente, coordenada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) e pelo Escritório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) para o Brasil.
As informações se baseiam em registros de acidentes do trabalho do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Calcula-se que uma notificação de óbito no trabalho formal ocorra a cada 3,5 horas. Os números revelam uma crise de saúde pública que compromete vidas e sobrecarrega o sistema previdenciário.
Em 2023, foram registrados 257.891 novos casos de auxílio-doença acidentário - um aumento de 23% em relação ao ano anterior. As Lesões por Esforços Repetitivos (LER) lideram as estatísticas, respondendo por 42% dos afastamentos, seguidas por transtornos mentais (31%) e doenças osteomusculares (18%).
Apesar da legislação trabalhista prever proteção, os obstáculos são muitos: perícias médicas com espera média de 58 dias, 43% dos benefícios são negados na primeira análise e o valor médio do auxílio (R$ 1.412) abaixo do salário mínimo. Fraga relata casos extremos: "Já acompanhei trabalhadores que morreram esperando o benefício. O sistema parece ter sido criado para desestimular, não para proteger."
Diante desse cenário, o especialista orienta que a documentação é fundamental e o registro deve ser feito desde as primeiras queixas médicas até provas das condições de trabalho. Fraga lembra a obrigatoriedade do CAT (Comunicado de Acidente de Trabalho), que é essencial para comprovar a relação ocupacional e o acidente. “Recorra sempre porque, segundo os dados oficiais, 72% das negativas são revertidas judicialmente. E busque ajuda especializada com sindicatos e advogados que podem fazer a diferença para assegurar os seus direitos e proteção”, indica Fraga.
Desde a reforma trabalhista de 2017, os casos de doenças ocupacionais aumentaram 37%. Projeções indicam que, mantido esse ritmo, o Brasil poderá ter um milhão de trabalhadores incapacitados até 2029. “Precisamos de políticas preventivas mais eficazes para enfrentar o dilema dos trabalhadores que seguem a dicotomia de proteger a saúde ou garantir o sustento. Uma escolha que, em um país comprometido com a segurança do trabalho, não deveria existir”.
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