O muro foi uma barreira física e social que separou a Vila
Operária, onde moravam os funcionários da Companhia Hidroelétrica do São
Francisco (CHESF) da Vila Poty, por mais de 30 anos. O muro foi construído pela
CHESF para isolar a sua área de influência da população local, que vivia em
condições precárias, com casas de taipa e telhados de sacos de cimento.
O muro representava a desigualdade e a discriminação entre
os dois lados da cidade, que tinham acesso a serviços públicos e oportunidades
de desenvolvimento diferentes. A Vila Operária era uma espécie de “cidade
modelo”, com infraestrutura, lazer, educação e saúde de qualidade, enquanto a
Vila Poty sofria com a falta de água, luz, saneamento e assistência médica.
O muro também afetava a identidade cultural e a integração
social dos moradores de Paulo Afonso, que se sentiam excluídos e marginalizados
pela CHESF. O muro era visto como um símbolo de opressão e de violação dos
direitos humanos, e gerou diversos protestos e manifestações populares ao longo
dos anos.
O muro foi derrubado em 1984, após uma decisão judicial que
reconheceu a ilegalidade da sua construção e a necessidade de garantir a livre
circulação e a cidadania dos habitantes de Paulo Afonso. A queda do muro foi
celebrada como um ato de libertação e de reconhecimento da dignidade do povo
pauloafonsino.
No entanto, o muro deixou marcas profundas na sociedade e na
cultura de Paulo Afonso, que ainda hoje enfrenta desafios para superar as
diferenças e as desigualdades entre os seus habitantes. O muro é uma ferida
aberta na memória coletiva da cidade, que precisa ser lembrada e ressignificada
para que não se repita.
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