Melhor esperar (Por Leandro Fortes)


Fico pensando nessa bola, essa massa esférica de verniz atmosférico, azulada, girando em torno do sol, uma ameaça cósmica impregnada por um vírus mortal a ameaçar sua frágil espécie dominante.
Caso haja outros a nos observar, à espera do contato, é certo que dizem, a seu modo alienígena, a dar de ombros, ou de outros membros que nem imaginamos existir: melhor esperar.
No meu quintal curto, mas verde e florido, tem um pedaço de céu tão azul que fica difícil de acreditar na virulência desses dias. À noite, quando, das pedras desse jardim, o escuro me apresenta uma dezena de estrelas brilhantes, minha incredulidade aumenta.
Mas concordo, dentro da possibilidade de outros mundos, com os que, imagino, podem existir por lá: melhor esperar.
E quando metade da bola gira para sua aventura noturna, na parte que lhe cabe no dia, e é o Brasil, iluminado, diante das estrelas, é quando eu sinto vergonha.
Porque se essa dor tem uma cor, no toque da luz que vem do universo profundo, é esse torrão banhado de mar, governado pela morte e pela tristeza, que mais avisa aos que pensam em, por aqui, aportar: melhor esperar.
Por: Leandro Fortes.

Um comentário:

Thomas disse...

É legítimo e oportuno que se critique e combata o Bolsonaro. Todavia, poucos se ocupam da questão: como chegamos aqui, a esse ponto? A resposta óbvia é que a grande maioria dos que atacam o Bolsonaro hoje não se ocuparam, do fim da ditadura militar de 1964 para cá, com a educação do povo. Estavam todos contemplando o próprio umbigo, ocupando-se da conquista de títulos, cargos, honrarias e bens. O povo que se lascasse.

Todos os governos (todos, sem exceção) de 1985 para cá, se lixaram para o sistema de ensino no Brasil. Os acadêmicos, os intelectuais, os politicamente corretos, todos os que hoje deitam falação, confundiram cultura com entretenimento. Foram complacentes com o grotesco, o medíocre e o vulgar em que foi se transformando o Brasil.

A miséria cultural, moral, sexual, material e política do povo, com a qual os que posam hoje de “bons moços” conviveram numa boa, resultou no bolsonarismo. O que estavam esperando?

Agora estão querendo o Lula de volta. O Lula sem caráter e oportunista (palavras do sociólogo Chico de Oliveira), que se lixou para o nauseabundo sistema de ensino no Brasil e manteve a universidade de costas para o povo. Justamente o Lula, amigo dos banqueiros e do grande capital, e que tem grande parte da responsabilidade pela ascensão do bolsonarismo.