A realidade pandêmica, que ressurge ao longo da nossa
história, desperta na sociedade o sentimento de aflição, angústia e medo.
Diante do desespero social que se instala, os profissionais da linha de frente
- valorosos combatentes do inimigo invisível - tem de manter a equanimidade
temperada pela ciência, habilidade técnica e pela presteza de tomar difíceis
decisões perante um incerto cenário de saúde.
Cabe aos médicos, enfermeiros, fisioterapeutas,
farmacêuticos, psicólogos e tantos outros profissionais, cumprir o milenar
papel hipocrático de valorizar a vida. E cuidar daqueles que ficam doentes -
neste caso, pelo Covid-19 que apresenta-se altamente contagioso e
potencialmente letal sobretudo às camadas mais frágeis da sociedade. Portanto,
carregando consigo a prudência, coragem, atenção, humildade e sensibilidade à
dor alheia, tem modificado o efeito catastrófico do vírus. Vocação vem da
palavra chamamento e, nesses momentos, os guerreiros são mobilizados a usar
todos os seus potenciais para encarar o inimigo. Diversos deles viram pacientes
e, muitos, tem a vida ceifada no "campo de batalha".
As crises podem trazer progressos. Lutar e superar são
palavras de ordem. O empenho e dedicação dos mais variados meios científicos
mundiais, tem apontado estratégias e prováveis soluções para abater o vírus em
definitivo. Estamos mais próximos do seu fim, apesar das dificuldades. Seja nas
tentativas de protocolos com compilado de medicamentos (antivirais,
anticoagulantes, antibióticos, plasma, antimaláricos etc.) que possam impedir a
tempestade imunológica que acomete o organismo do paciente, seja pelo
desenvolvimento de vacina - em franco processo de concretização -, ou até mesmo
pelos pujantes estudos que dão evidências científicas do que traz benefícios
aos doentes. A medicina é observacional, não exata e como dito por William
Osler, é a ciência da incerteza.
O coronavírus inegavelmente, de forma muito rápida,
paralisou e mudou o modo como o mundo funciona. Fomos obrigados a mudar hábitos
e repensar conceitos que carregamos ao longo de toda a vida. Sem dúvida, o
pós-pandemia estará de braços dados ao trauma coletivo gerado na turbulência
das incertezas físicas e mentais. Contudo, seguir adiante olhando à frente fará
com que superemos as aflições e tiremos os melhores aprendizados.
Em suma, a ordem natural da doença nos mostrará o tão
esperado fim da pandemia e o futuro tratará desse conflito nos autos da
história da humanidade. A sociedade arraigada de perdas e sequelas
reerguer-se-á ao seu modo de naturalidade, como vimos em campos de guerra.
Assim, até chegar essa hora, sigamos trabalhando duro para o enfrentamento e
que possamos todos ser melhores nos piores momentos. "Quem supera a crise
supera a si mesmo sem ter sido superado." Vida e saúde a todos.
Por: Tiago A. Fonseca Nunes - Médico.
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