A política é um mundo à parte, seus bastidores acontecem
fatos e histórias ou estórias que deixaria perplexo o melhor leitor de Aghata
Christie. Nem sempre as histórias são reproduzidas fidedignamente aos fatos ocorridos,
para ser honesto quase nada é fidedigno entre figuras que almejam o elixir da
vida (poder). Não é diferente no Brasil, não é diferente no nosso quintal,
histórias sobre o período da colonização ainda se descobre até hoje, assim como
as dúvidas e os mistérios da proclamação da República, os fatos entorno do
suicídio de Getúlio Vargas, a cassada contra Juscelino Kubschek, o golpe de 64,
as torturas e mortes que ocorreram durante a ditadura militar, os segredos do
pacto pela redemocratização, impeachment do Collor, o mensalão durante o
governo Lula. Neste último caso são tantas controvérsias processuais,
informações, versões, capas de jornais, só o tempo cura, absolve e reposiciona
todas as coisas, mas nem sempre o tempo é amigo, pelo contrário, o tempo é
ingrato, alguns tem a sorte de serem absolvidos em vida, alguns passam a vida
inteira lutando e não recuperam o tempo perdido, exemplo disso é o ilustre
Deputado Ibsen Pinheiro, acusado de corrupção e cassado em 1994, era Presidente
da Câmara, anos depois absolvido, demonstrado que ele não era culpado, pelo
contrário, hoje porém a sociedade não faz a mínima ideia de quem seja, ficou na
memória como mais um, e sofreu com perseguição, julgamentos populares e da
imprensa, jamais terá sua biografia resgatada, morreu vítima do tempo e de sua
insignificância.
O mais polêmico e controverso personagem da história recente
da nossa democracia é José Dirceu, este luta incansavelmente contra o tempo e
contra o julgamento sumário, desde sempre o “Zé” lutou por julgamentos justos e
a altura de seus feitos, desde a ditadura militar quando foi preso e
encarcerado sem julgamento por ato direto da política e do comando militar até
o mensalão, acusado de chefe de quadrilha, depois absolvido pelo próprio
Supremo por formação de quadrilha o condenando por corrupção, assim como fez a
Câmara dos Deputados quando julgou seu mandato e o cassou, porém a mesma casa
condenou Roberto Jefferson por não conseguir provar a corrupção que cunhou como
um brilhante golpe de publicidade acertado, e também foi condenado pelo supremo
pela corrupção que assumiu ter cometido e por não ter comprovado a corrupção
que denunciou aos jornais. Roberto Jefferson é figura patética, tacanho, um
personagem folclórico da política sem grandes feitos. Selou fileiras ao lado de
Fernando Collor durante o processo de impeachment e vendeu a ilusão ao
ex-Presidente que teria maioria no congresso para barrar o que virou fato
histórico, sobreviveu politicamente durante todo o governo Fernando Henrique
Cardoso com suas negociatas e se arvorou alçar voos maiores durante o Governo
Lula, buscando papel de destaque, que não tinha e não teve, mas se escorava em
seus pares, como José Múcio, Walfrido Mares Guia, ambos Ministros com papeis
importantes no Governo, para o falastrão Roberto Jefferson sobravam migalhas,
papel pequeno para alguém tão vaidoso.
A história é implacável, estamos no momento mais tenso pós
redemocratização, quem ressurge palpiteiro e oportunista para alçar seus voos
galinhosos? O próprio, falastrão e alcoviteiro de sempre, figura menor que
telejornais e editorias gostam de explorar pela publicidade e audiência, afinal
de contas vende mais morte que vida no Brasil. José Dirceu se tornou alvo do
parlapatão, associado a família Bolsonaro tenta ser alguém ou simplesmente
sobreviver ao esquecimento, não luta por absolvição ou inocência, ele sabe que
não será absolvido por não ser inocente, mas nos dá a oportunidade de
revisitarmos o mensalão e entendermos em parte o que significou todo aquele
imbróglio que começou nele, se hoje puxarmos o fio condutor veremos que a
figura que sempre se expõem de forma irresponsável causa danos a democracia e
demonstra sem pudor que é capaz de qualquer pastelão para ter espaço no
imaginário popular. Ao Zé Dirceu cabe a absolvição dos fatos, sempre esteve
acima desses personagens, dialoga em alto nível e se posiciona na história em
defesa dos seus, não tem porque responder ataques de figuras pequenas. A cada
mostra de estupidez de Roberto Jefferson e quadrilha, fica mais nítido o quão
suspeito foi o mensalão.
Fernando Neto
Diretor do Observatório Urbanos
Nenhum comentário:
Postar um comentário