Com apoio da Codevasf, apicultores do Norte baiano aprimoram técnicas da atividade.

Tema principal da capacitação foi a captura de enxames em áreas urbanas e o correto procedimento para sua transferência para apiários familiares
Técnicas de captura de enxames situados em áreas urbanas e o correto procedimento para sua transferência para apiários familiares foi o tema principal do curso apoiado pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) em Juazeiro, no Norte da Bahia. Promovida pela ONG Abelha Viva, a capacitação visou aprimorar as técnicas de apicultores familiares que desenvolvem suas atividades na zona rural de Juazeiro e municípios do entorno.
A iniciativa contou também com a parceria da Assistência Técnica e Extensão Rural da Bahia (Bahiater) e da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf). Mais de 20 pessoas, entre instrutores, apicultores familiares e representantes do corpo de bombeiros discutiram, durante dois dias, tópicos importantes da atividade apícola, como a preservação do ecossistema de maneira sustentável, a geração de renda e as ocupações produtivas no meio rural.
Para o Diretor de Revitalização de Bacias Hidrográficas da Codevasf, Inaldo Guerra, a iniciativa de promoção de cursos que contam com a participação de vários setores da sociedade potencializa os trabalhos e resulta em ações mais efetivas. “É muito importante a interação entre entidades governamentais e não governamentais, e quem ganha com isso é a população, que usufruirá dos benefícios de esforços conjuntos”, afirmou o diretor, sob cuja sob cuja responsabilidade está a ação, que é coordenada pela Gerência de Desenvolvimento Territorial em Brasília.
Conforme explicou a representante da ONG Abelha Viva, Lícia Regina Lopes, a seca prolongada naquela região e a escassez de alimentos no campo está levando ao deslocamento de enxames para áreas urbanas.
“Quando as abelhas migram para áreas urbanas, elas estão em busca de alimento. Então, nesta capacitação ensinamos ações tecnicamente corretas para captura e remoção dessas abelhas, pensando na segurança das pessoas e na geração de renda por meio da apicultura”, aponta.
Preservação ambiental
Um dos participantes do evento, o apicultor Hernandes de Souza Lima, disse que a capacitação aprimorou seus conhecimentos sobre a atividade. “O curso veio em hora certa, o apoio da Codevasf sempre favorece a nossa produção. Aprendi algumas técnicas sobre as quais eu não tinha conhecimento, e agora posso trabalhar consciente de que estou contribuindo para, entre outras coisas, preservar o meio ambiente”, afirmou.
Elene Maria, técnica da Bahiater e uma das instrutoras do curso, disse que o objetivo da capacitação foi não somente ensinar sobre a captura dos enxames, mas ampliar o conhecimento dos produtores acerca da apicultura e dos cuidados ecológicos.
José Fernandes Neto, que também conduziu algumas das transferências tecnológicas do curso, observou ser “bastante pertinente a realização desse tipo de evento, visto que as abelhas têm grande importância para a ecologia devido à polinização de diversas espécies vegetais e produção de alimento”. “É também um trabalho de conscientização, onde os resultados são benéficos tanto para o produtor quanto para o ecossistema”, nota.
Segurança da população
De acordo com Everaldo Cavalcanti, Analista em Desenvolvimento Regional que atua na Unidade de Desenvolvimento Territorial da 6ª superintendência regional da Codevasf, sediada em Juazeiro, a promoção de atividades e capacitações voltadas à captura e remoção em áreas urbanas de abelhas africanizadas, em colmeias do tipo Langstroth, são de suma importância para a segurança populacional.
“O crescimento desordenado das cidades do semiárido nordestino vem aumentando consideravelmente a pressão de desmatamento sobre o Bioma Caatinga, fazendo com que diversas espécies da fauna local e exóticas, tais como a abelha africanizada Apis Mellifera, migrem para as áreas urbanas em busca de locais de abrigo e alimentação”, frisa o analista da Codevasf.
Segundo Everaldo, o comportamento acaba proporcionando um aumento da possibilidade de acidentes graves com seres humanos, ocasionando até mesmo, em alguns casos, óbitos de indivíduos atacados por abelhas africanizadas e que são alérgicos ao seu veneno.
“Desta forma, o acionamento em tempo de pessoas capacitadas para a captura e remoção dessas espécies de abelhas, finalidade maior da capacitação, possibilita a que fatos desagradáveis ou fatais não venham a acontecer. Além do mais, a ação favorece à formação de apiários e, consequentemente, a geração de renda por meio da produção e venda do mel pelos apicultores envolvidos na atividade”, observa.
Apoio à produção
A apicultura é considerada uma das atividades viáveis em períodos de estiagem, e que pode, com corretas orientações, servir como fonte alternativa de trabalho e renda para as famílias localizadas em áreas consideradas de risco para o desenvolvimento humano.
A Codevasf tem apoiado a estruturação da cadeia produtiva da apicultura em comunidades rurais por meio da disponibilização de equipamentos e a implantação de kits apícolas - compostos de colmeias e suportes, melgueiras, equipamentos de proteção individual, carretilha manual, cera alveolada, formão e fumigador.
Além disso, a Companhia tem ministrado frequentemente cursos básicos de capacitação e atualização em apicultura nas comunidades rurais onde os kits são utilizados.
No norte baiano, área de atuação da 6ª superintendência regional, mais de 700 famílias de Pilão Arcado, Campo Alegre de Lourdes e Remanso em situação de pobreza e inscritas no Cadastro Único de Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico) contam com o apoio da Codevasf para desenvolver a atividade apícola.
O investimento, que vem sendo feito desde 2012, ultrapassou R$ 4 milhões, sendo que R$ 3,3 milhões foram empregados na aquisição de equipamentos apícolas. Os recursos são do Orçamento Geral da União destinados à Codevasf por emendas parlamentares e de destaque orçamentário do Ministério da Integração Nacional por meio de sua Secretaria de Desenvolvimento Regional (SDR).

Para 2017, o superintendente regional da Codevasf em Juazeiro, Misael Aguilar Silva Neto, prevê a implantação de mais 360 kits de apicultura em comunidades rurais de municípios da região.

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